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O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) registou, desde a meia-noite deste sábado, 560 eventos sísmicos na ilha de São Jorge, o que representa uma diminuição face ao número verificado na sexta-feira.
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"Ao longo do dia de [sexta-feira], a análise preliminar dos registos sísmicos permitiu contabilizar cerca de 870 eventos. Entre as 00h00 [01h00 em Lisboa] e as 10h00 de hoje foram contabilizados aproximadamente 560 eventos, o que reflete uma ligeira diminuição da atividade sísmica. Todos os sismos registados até ao momento são de baixa magnitude e evidenciam uma origem de natureza tectónica", avançou o CIVISA, em comunicado de imprensa.
O Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores realça, no entanto, que a atividade sísmica na parte central da ilha de São Jorge, que se regista "ao longo de uma faixa com direção WNW-ESE [oés--noroeste/lés--sudeste], num setor compreendido entre Velas e Fajã do Ouvidor, "continua acima dos valores de referência".
A crise sismovulcânica em São Jorge iniciou-se às 16h05 de sábado, tendo o sismo mais energético ocorrido nesse dia às 18h41 com uma magnitude de 3,3, na escala de Richter.
Desde então, o CIVISA já registou milhares de sismos de baixa magnitude, tendo sido sentidos pela população mais de 186.
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De acordo com a página da internet do CIVISA, desde as 00:00 de hoje foram sentidos dois sismos pela população, um às 02h14, com magnitude 1,9 na escala de Richter e intensidade de III na escala de Mercalli modificada, e outro às 03h22, com magnitude de 2,5 na escala de Richter e intensidade III/IV na escala de Mercalli modificada.
O CIVISA "alerta para a possibilidade de ocorrência de sismos que podem atingir magnitudes mais elevadas do que as registadas até ao momento, assim como para o perigo de ocorrência de derrocadas potenciadas pela atividade sísmica e pelas adversas condições meteorológicas que afetam o arquipélago".

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"Existe a possibilidade real de se poder vir a registar uma erupção vulcânica, mas não há evidências de que tal esteja iminente", frisou.
Segundo o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores "a campanha de medição de gases e temperatura no solo", que tendo vindo a desenvolver desde o início desta crise, na área epicentral, "não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia, continuando os levantamentos de campo a decorrer nos próximos dias".
"No âmbito da monitorização geodésica, o CIVISA, em colaboração com outras entidades, encontra-se a reforçar a rede de observação baseada em estações GNSS e a proceder ao tratamento de imagens de satélite. Os dados existentes até à data corroboram as observações sismológicas ao indiciarem a existência de alguma deformação na área epicentral", apontou.
O CIVISA realça, no entanto, que "a integração da informação disponível permite concluir que as estruturas tectónicas onde se desenvolveram as erupções históricas de 1580 e 1808, e a crise sismovulcânica de 1964, no Sistema Vulcânico fissural de Manadas, foram reativadas, sendo de admitir a ocorrência de uma intrusão magmática em profundidade".
Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de seis), o que significa "possibilidade real de erupção".
Perante este cenário, o executivo açoriano recomendou à população com maiores vulnerabilidades da principal zona afetada na ilha de São Jorge (entre a Fajã das Almas e as Velas) que abandone as suas casas.
As ilhas do grupo central dos Açores, onde se inclui a ilha de São Jorge, estão sob aviso amarelo devido às previsões de chuva.
Segundo o presidente do CIVISA, Rui Marques, a precipitação, conjugada com a crise sísmica, pode provocar desabamentos em São Jorge.
O executivo açoriano decidiu, por isso, proibir o acesso às fajãs do concelho das Velas e retirar os habitantes que lá vivem.
O Plano Regional de Emergência da Proteção Civil dos Açores e os planos de emergência municipais dos dois concelhos da ilha (Velas e Calheta) foram ativados.
Segundo os dados provisórios dos Censos 2021, a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3.437 no concelho da Calheta.
De acordo com a escala de Richter, os sismos são classificados segundo a sua magnitude como micro (menos de 2,0), muito pequenos (2,0-2,9), pequenos (3,0-3,9), ligeiros (4,0-4,9), moderados (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grandes (7,0-7,9), importantes (8,0-8,9), excecionais (9,0-9,9) e extremos (quando superior a 10).
A escala de Mercalli modificada, segundo o site do IPMA, divide-se em doze categorias: I -- impercetível, II -- muito fraco, III -- fraco, IV -- moderado, V -- forte, VI -- bastante forte, VII -- muito forte, VIII -- ruinoso, IX -- desastroso, X -- destruidor, XI -- catastrófico, XII -- danos quase totais.