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No dia em que se assinalam cinco anos desde os grandes incêndios de Pedrógão Grande, a TSF voltou ao local onde, a 17 de junho de 2017, morreram 66 pessoas e mais de 250 ficaram feridas. Até hoje, centenas de pessoas continuam a viver com o medo de que o fogo regresse.
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Esta data vai ser assinalada pela Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, que funciona numa antiga escola da freguesia de Pedreira, entre Pedrógão e Figueiró dos Vinhos, com um conjunto de iniciativas. À TSF, Dina Duarte explica que o objetivo é "virar a página" de um dos dias mais negros da região.
Ouça aqui a conversa da repórter Rita Carvalho Pereira com a presidente da associação, Dina Duarte, sobre as iniciativas que estão previstas
Abílio Carvalho, professor de educação física em Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos, é responsável pela "Volta da Memória" em bicicleta, uma das iniciativas marcadas para esta sexta-feira. Ouvido pela TSF, Abílio explica que o percurso começará em Pedrógão e passará pela nacional 236, conhecida como "a estrada da morte", até Castanheira de Pera. "São 66 quilómetros, num percurso que deverá demorar cerca de duas horas e meia", afirma.
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O professor de educação física, apaixonado por ciclismo, já faz esta volta há quatro anos. A ideia surgiu pelo facto de querer não só "homenagear as vítimas", mas também "alertar" para o perigo dos incêndios.
Ouça aqui a entrevista da repórter Rita Carvalho Pereira com Abílio Carvalho sobre a "Volta da Memória" em bicicleta
Aos poucos, o turismo em Pedrógão Grande renasce. A TSF encontrou um hotel em Pedrógão Pequeno que sobreviveu ao impacto dos fogos. Liliana Reis, responsável pelo Hotel da Montanha, recorda o dia 17 de junho.
"Na altura não estava mesmo presente no hotel, mas estava na zona, em Leiria. Tive de vir a correr porque tinha familiares em perigo. Sei que para os meus colegas foi aterrorizante e até mesmo para os clientes que estavam no hotel nesse momento", recordou Liliana Reis.
Ouça a conversa com a responsável pelo Hotel da Montanha
São várias as iniciativas que vão decorrer durante esta sexta-feira. O programa, uma iniciativa da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande (AVIPG), teve início às 10h00, na sede da AVIPG, na Figueira, freguesia da Graça, local onde vai passar a "Volta da Memória" em bicicleta.
Já à tarde, às 14h30, ainda na sede da AVIPG, fazem-se 66 segundos de silêncio, um por casa vítima mortal, seguindo-se então a homenagem à equipa da saúde mental comunitária/domiciliária Leiria Norte do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
Depois, em Castanheira de Pera, às 17h00, na Igreja Matriz, é celebrada uma missa pelas vítimas dos incêndios, cerimónia que deve contar com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seguindo-se, às 18h30, um concerto, com repetição no sábado, com a participação dos artistas internacionais Thi-mai Nguyen, Aveline Monnoyer, Julien Brocal, Astrig Siranossian e Elsa de Lacerda. A entrada é gratuita.
A TSF também foi tentar perceber os tons deste concerto de homenagem às vítimas dos incêndios numa altura em que o espetáculo está a ser preparado.
"O Alan começou por ser um hóspede do nosso alojamento local e entretanto tornou-se um amigo porque já vem há alguns anos. Há um ano trouxe a ideia de fazer um concerto solidário em Castanheira de Pera, na sequência dos incêndios que aconteceram em 2017. Na altura apresentámos a ideia à AVIPG [Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande], porque acaba por ser a associação de vítimas que representa as pessoas afetadas, e subscreveram a ideia. Na altura pensámos que haveria a inauguração de um memorial e que seria um espetáculo bonito para apresentar, mas como acabou por haver um atraso na conclusão desse memorial apresentámos a ideia à associação de vítimas que, por sua vez, a apresentou ao município e a algumas empresas locais que apoiaram o evento desde a primeira hora", contou Luís Oliva, responsável pela organização do concerto.
Ouça a conversa com o organizador do concerto
A 17 de junho de 2017, os incêndios de Pedrógão Grande provocaram 66 mortos e 253 feridos, sete dos quais graves. Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
A maioria das vítimas mortais morreu na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.