Risco para a saúde? Clínicas dentárias e promoções em tratamentos disparam

A Ordem dos Dentistas está preocupada pelo aumento significativo de emissão de licenças para clínicas nos últimos três anos.

Banalização da profissão com preços de saldo. É assim que a Ordem dos Dentistas descreve o novo paradigma do setor. As clínicas dentárias multiplicaram-se, e, em apenas três anos, surgiram 1968 espaços dedicados a tratamentos de medicina oral, o que se reflete numa média de 55 por mês.

É o Jornal de Notícias que avança com os números, preocupantes para o Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas. A oferta de profissionais cresceu devido à duplicação de cursos. São agora sete as formações ao dispor dos estudantes, mas, chegados ao mercado de trabalho, o leque de escolhas é ainda superior.

O mercado está mais dinâmico: algumas clínicas pequenas fecharam, mas abriram quase duas mil, um terço, no universo de seis mil.

Os milhares de novos licenciados encontram consultórios onde trabalhar, mas, muitas vezes, aceitam trabalhar a preço de saldo, com uma percentagem mínima que pode chegar aos 20% do tratamento. Agora, uma destartarização "low cost" chega a custar apenas 20 euros, o que coloca os profissionais a receber quatro euros por uma hora de trabalho.

Mais do que isso, o bastonário da Ordem dos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, revela estar preocupado com os perigos da publicidade enganosa, nomeadamente em relação a aparelhos dentários e branqueamentos a preços baixos.

No Almoço TSF, Orlando Monteiro da Silva realçou que "há motivos para os portugueses estarem alerta" quanto à "abertura desenfreada de clínicas de medicina dentária com o intuito unicamente comercial e de busca de lucro".

Práticas como "venda de cinco implante, com pagamento apenas de dois", as quais o bastonário categoriza como "de supermercado", têm, de acordo com o médico dentista, o objetivo de "captar utentes com tratamentos desnecessários, muitas vezes com realização de créditos".

Orlando Monteiro da Silva criticou a inação da ERS: "A Entidade Reguladora da Saúde não regula, não atua, está desaparecida."

Questionada pelo JN, a Entidade Reguladora da Saúde lembra que a lei não proíbe a publicidade que descreve um serviço como gratuito ou em promoção. No entanto, Orlando Monteiro da Silva deixa o aviso de que é preciso desconfiar do que é gratuito, já que se fazem "promessas de resultados que não podem ser cumpridas e garantias de tratamentos que não podem ser dadas".

"Os utentes devem procurar informação junto dos seus médicos dentistas", rematou o bastonário, no Almoço TSF.

* [Notícia atualizada às 13h12]

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