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Marcela vive há 8 anos em Portugal e juntou-se ao protesto na praça 8 de Maio por se rever "nas reivindicações feitas tanto pelos cidadãos portugueses mas também por cidadãos imigrantes". "O básico da vida está cada vez mais insustentável", diz.
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Marcela comprou casa e tem vindo a sentir no orçamento o aumento das taxas de juro a que junta também outras despesas, como com a energia ou a alimentação: "Sobra muito pouco para aquilo que temos considerado cada vez mais como um luxo que é ter o mínimo de lazer, mas não é."
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Ao protesto juntou-se também João Rodrigues do Centro de Vida Independente. É uma associação de pessoas com deficiência que, diz João, "continuam ainda muito invisibilizadas e muito ausentes em tudo o que são políticas".
"Mais uma vez, a habitação é um assunto que também nos diz respeito e que, muitas vezes, ainda é esquecido", argumenta.
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Entre as dificuldades, João Rodrigues aponta não apenas o acesso à habitação, mas também financeiro. "A adaptação de habitações, por exemplo, ou os apoios financeiros para que pessoas com deficiência possam ter acesso a rendas de facto acessíveis ainda são coisas cá atras e ainda estamos muito longe de chegar a esses objetivos."

Já Maria Helena, de 67 anos, disse à TSF que se juntou a esta iniciativa por "solidariedade". Embora tenha casa própria, Maria Helena diz aperceber-se de que "há uma crise de habitação que não pode continuar a ser ou ignorada, ou menorizada como não sendo uma urgência quando de facto vivemos num tempo em que há tantas urgências a coexistir".
"Conheço uma realidade muito próxima de alguém que arranjou casa, mas o que paga, por mês para essa casa, implica que depois o que sobra do salário tenha de ser gerido de uma maneira que nem sempre é fácil."
O protesto em Coimbra por uma "Casa para viver" juntou algumas dezenas de pessoas num sábado chuvoso, o que fazia Carolina Gomes, do movimento Porta A Dentro, antever, logo no início da concentração, que "inevitavelmente" iria "prejudicar a mobilização", embora tivessem sentido, nos últimos dias, "muito apoio".
Para o movimento, as medidas do Governo para a habitação apresentadas recentemente "não são o suficiente".
"Estamos numa crise. É um problema iminente e que só pode ser resolvido através de assumir responsabilidades pela parte pública. Passa, desde logo, por aumentar o parque de habitação pública, porque só assim podemos conseguir almejar regular os preços da habitação."
Carolina cita dados que apontam que, em Portugal, o parque de habitação pública é de cerca de 2%, contrastando com os 15% na Europa. "Logo aí os preços estão na mão dos privados e isso de facto não pode ser. São precisas medidas urgentes, para ontem."
Sobre a realidade da habitação em Coimbra, Carolina Gomes nota que pelo facto de ser uma cidade universitária, "praticamente vivemos numa crise habitacional permanente". "Os quartos para estudantes são particularmente caros, não existindo, muitas vezes, muita oferta. Uma oferta que também é prejudicada pelo crescimento do alojamento local, obviamente. Mas depois isto encarece todos os preços das rendas para habitação de estudantes, mas não só."