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Enquanto não consegue prometer um médico de família a cada utente, como fizeram antes outros ministros da saúde, Manuel Pizarro assume que é preciso encontrar soluções transitórias. A começar pela região de Lisboa e Vale do Tejo onde a situação é mais crítica.
"É uma situação perfeitamente indigna. Não nos parece adequado, acho que podemos fazer melhor que isso, que as pessoas tenham que ir para a porta de um centro de saúde, de madrugada, para terem acesso a uma consulta". Dito isto o ministro da saúde guarda os detalhes de um plano que promete apresentar quando garantir que funciona, mas adianta que está a pensar, por exemplo no modelo de Via Verde, criado no município do Seixal, onde há 14% da população sem médico de família.
"O atendimento é excecional", garante à TSF José Lourenço, mas continua, "o problema é conseguir ser atendido. Há pessoas que telefonam dezenas e dezenas de vezes e não conseguem". O presidente da Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal lembra que são 43.000 os utentes sem médico de família neste concelho.
Conheça melhor o projeto Via Verde Saúde
O projeto nasceu a 5 de janeiro, ainda a pandemia mantinha muitas barreiras no acesso a cuidados de saúde. Desde então cresceu muito. E parece ser agora vítima do próprio sucesso. São já 16 os gabinetes de atendimento, mas ainda assim não chegam.
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A Via Verde Saúde junta médicos internos, reformados e profissionais dos centros de saúde que "fazem mais umas horas" para atender estes utentes sem lugar nas USF e Centros de Saúde. A primeira ligação é por telefone e o objetivo inicial era marcar rapidamente uma consulta. Mas, "só há três telefones e para muita gente é quase impossível ser atendido", volta a queixar-se José Lourenço.
As vagas diárias rondam as 250, a partir daí, por muito que se telefone, já ninguém atende. O problema não é do modelo "que foi criado pelos próprios profissionais de saúde, frustrados com as insuficiências do SNS", justifica o representante dos utentes, "é que se trata de uma solução excecional para um problema excecional. Enquanto não houver mais médicos de família o problema não se resolve".
Por ironia, em períodos de grande pressão a Via Verde já chegou a distribuir senhas para consultas no próprio dia, "os utentes tinham era de esperar à porta do centro de saúde...."
Enquanto o problema de fundo não se resolve, o único caminho, aponta Alexandre Tomás, presidente do ACES, o Agrupamento de Centros de Saúde do Seixal, é alargar esta Via verde saúde.
Já existem estas resposta em Almada e no Seixal, mas é preciso que cresçam, "é preciso envolver mais profissionais de saúde e é preciso levar esta resposta junto de cada unidade de saúde, quer do concelho de Almada, quer do concelho do Seixal. Alexandre Tomás vai até mais longe, "as equipas podem atender estes utentes sem médico de família dentro das suas instalações".