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Mais de 1800 sismos têm abalado, desde sábado, a ilha de São Jorge, nos Açores, mas a população sentiu apenas uma centena destes. Perante uma atividade sísmica muito acima dos valores de referência, o presidente do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), Rui Marques, não descarta a hipótese de uma erupção vulcânica.
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A situação, explica à TSF, configura uma "crise sismovulcânica" e, como tal, "todos os cenários têm de ser colocados em cima da mesa, desde logo a possibilidade de termos um sismo de maior magnitude que poderá provocar danos na vila das Velas", setor no qual está concentrada "grande parte da sismicidade". E nessa zona, alerta, "não é necessária uma magnitude muito elevada" para provocar danos, "uma vez que a sismicidade está muito próxima da zona urbana".
A esta hipótese junta-se, no entanto, uma outra: "Por estarmos a falar de um sistema vulcânico ativo, temos sempre de considerar a possibilidade de termos uma erupção vulcânica, como aconteceu neste setor em 1580 e 1808" ou seja, uma erupção no século XVI e outra no século XIX.
"Temos sempre de considerar a possibilidade de uma erupção vulcânica"
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Com estes cenários no leque de possibilidades, Rui Marques adianta que as autoridades municipais e regionais de Proteção Civil já estão a preparar-se para todos os cenários, sendo que ainda é possível ver o copo "meio cheio".
Entre um sismo e uma erupção vulcânica na ilha de São Jorge, o segundo cenário "é o mais preocupante", mas de entre os vários tipos de erupção que podem ocorrer no planeta Terra, explica o presidente do CIVISA "o tipo de erupção mais expectável na ilha de São Jorge é aquele que menos problemas normalmente dá".
Tipo de erupção expectável em São Jorge "é aquele que menos problemas normalmente dá".
"Não quer dizer que não dê muitos. Dentro do mau, este é o menos mau, digamos assim", ressalva. A acontecer, o episódio deverá ser semelhante ao sucedido na ilha de La Palma, nas Canárias.
"Dentro daquilo que são os vários tipos de erupções vulcânicas, uma erupção como a que ocorreu nas Canárias é das erupções mais fáceis de gerir a nível de planeamento de emergência, porque estamos a falar de uma erupção que acaba por ser muito localizada", assinala Rui Marques.
Em conferência de imprensa esta tarde, o secretário regional da Saúde adiantou que entre as medidas a tomar para responder a cenários como estes está o transporte dos utentes internados nos centros de saúde das Velas mais próximos do epicentro para o centro de saúde da Calheta, na outra ponta da ilha de São Jorge.

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