O comércio da região de Lisboa mal tinha recuperado das inundações da passada semana quando, na madrugada entre esta segunda e terça-feira, a chuva forte e persistente voltou a cair. Novamente, e com poucos dias de intervalo, as limpezas voltaram a ocupar os dias dos trabalhadores.
Ao entrar numa loja dedicada à venda de mobiliário, em Algés, parecia que uma lata de tinta castanha tinha caído no piso do estabelecimento. Contudo, era mesmo uma extensa poça de lama que invadiu o local e que danificou grande parte da mercadoria.
Os estragos, causados pelas cheias, atingiram móveis e colchões, expostos especialmente para a época de Natal, e tudo causou "prejuízos loucos" ao dono da loja, que abriu as portas há 47 anos. Questionado pela TSF sobre o número de vezes que este fenómeno meteorológico ocorria, respondeu que "desde 1995 que não havia cheias nenhumas".
Agora, "está tudo estragado, é tudo para ir para o lixo" e o proprietário estima, após as duas inundações em menos de uma semana, que o prejuízo seja superior a 20 mil euros. Na intempérie desta semana, a água subiu mais uns centímetros, e só piorou o que já tinha sido destruído da primeira vez.
"Como os móveis são de madeira e o verniz começa a estalar, além de que os colchões começam a cheirar mal quando secam, por isso é tudo para o lixo", relata o dono da loja de móveis na marginal lisboeta.
A chuva intensa e persistente que caiu na madrugada de terça-feira causou mais de 3.000 ocorrências, entre alagamentos, inundações, quedas de árvores e cortes de estradas, afetando sobretudo os distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre e Santarém.
No total, há registo de 83 desalojados, segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), e o mau tempo levou também ao corte e condicionamento de estradas e linhas ferroviárias, que têm vindo a ser restabelecidas.
Na zona de Lisboa a intempérie causou condicionamentos de trânsito nos acessos à cidade, situação que está regularizada na maior parte dos casos.
Em Campo Maior, no distrito de Portalegre, a zona baixa da vila ficou alagada e várias casas foram inundadas, algumas com água até ao teto.
Segundo a ANEPC, estão "cinco planos municipais de emergência ativos", quatro no distrito de Portalegre e um em Santarém, mantendo-se em estado de alerta amarelo os planos especiais de emergência para as bacias dos rios Tejo e Douro devido ao risco de cheias.
Restauração recompõe-se após cheias
Numa cadeia de fast food lisboeta, continuam os trabalhos para o regresso ao trabalho. Devido à força da água das inundações que atingiram a capital portuguesa, o estabelecimento teve de mudar o vidro da fachada, que acabou mesmo por se partir.
*Com Lusa