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A greve dos trabalhadores da CP - Comboios de Portugal registava cerca das 08h40, uma adesão a rondar os 95%, disse à Lusa José Manuel Oliveira, da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans).
"Com exceção dos comboios de longo curso que estavam nos serviços mínimos, a circulação ferroviária está praticamente paralisada de norte a sul do país. Neste momento, ainda não está feito o levantamento no que diz respeito aos trabalhadores das oficinas, mas temos uma adesão à greve a rondar os 95%", disse José Manuel Oliveira.
Por sua vez, a CP, num balanço feito à Lusa, adiantou que entre as 00h00 e as 08h00 desta segunda-feira registaram-se 235 supressões, 93% dos comboios programados, que seriam 252.
"Ontem [domingo] entre as 00h00 e as 24 horas foram suprimidos 191 comboios a nível nacional, cerca de 24% do total de circulações previstas", adiantou ainda a fonte da CP, às 07h00.
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Segundo testemunhou a TSF na estação de Sete Rios, no espaço de uma hora passou apenas um comboio.
Já na estação de Santa Apolónia não chegou nem saiu qualquer comboio na última hora. O único comboio que partiu foi um intercidades, abrangido pelos serviços mínimos, com destino à Guarda.
Ouça aqui a reportagem do jornalista Rui Polónio na estação de Santa Apolónia
Na Amadora, estão centenas de pessoas nos cais de embarque. Às 09h00 chegou um comboio com destino a Lisboa Oriente, completamente cheio e, por isso, ninguém conseguiu entrar. Para o lado de Sintra, não chegou nem partiu qualquer comboio.
Em Campanhã, no Porto, o cenário é semelhante: as nove bilheteiras estão encerradas e ainda não passou qualquer comboio na estação.
Ouça aqui a reportagem da jornalista Rute Fonseca na estação de Campanhã
José Manuel Oliveira, da Fectrans, que convocou esta greve, garante uma adesão elevada, com uma "supressão quase total dos comboios em todo o país", sendo garantidos "apenas os serviços mínimos" em "alguns comboios de longo curso".
"O balanço neste período da manhã é de uma adesão esmagadora dos trabalhadores da CP à greve que está em curso", nota.
Nesta greve não há serviços mínimos para os comboios urbanos. José Manuel Oliveira concorda com a decisão do Tribunal Arbitral.
"Temos nesse âmbito diversos acórdãos, alguns dos quais que nem sequer consideram que há necessidade de fazer qualquer comboio e nós também entendemos que não, porque num dia de greve não está posta em causa qualquer necessidade social impreterível, que é aquilo que a lei determina", explica.
Os trabalhadores da CP exigem aumentos salariais de 90 euros para todos os trabalhadores.
A decisão foi tomada no final de abril, em plenários descentralizados de trabalhadores que se realizaram no Porto, no Entroncamento e em Lisboa e foram promovidos pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans).
A greve decorre entre as 00h00 e as 24h00, mas abrange também os trabalhadores que iniciaram o seu período de trabalho no domingo ou que iniciem o seu período de trabalho nas últimas horas de hoje e terminem na terça-feira.
À TSF, José Manuel Oliveira, coordenador da Fectrans, acusa a CP e o Governo de intransigência.
"Depois de muitos anos sem qualquer aumento salarial em que não houve evoluções e valorização dos salários dos trabalhadores desta empresa, estamos confrontados com uma proposta de 0,9% por parte do Governo", explica.
Ouça as declarações de José Manuel Oliveira à TSF
José Manuel Oliveira disse à agência Lusa que a decisão dos trabalhadores é "um protesto contra a intransigência do Governo e da CP, o arrastamento das negociações e os salários baixos".
"O principal motivo desta greve são os aumentos salariais, embora estejam também em causa outras matérias, como a aplicação do Acordo de Empresa da CP aos trabalhadores da antiga EMEF, para acabar com as desigualdades", disse o sindicalista.
A Fectrans e o seu sindicato, filiados na CGTP, reivindicam um aumento mínimo de 90 euros para todos os trabalhadores da CP, a quem foi aplicada uma atualização de 0,9%, tal como foi imposto a todo o Setor Empresarial do Estado e Administração Pública.
"Se queremos a modernização do caminho-de-ferro, é preciso também apostar nos trabalhadores ferroviários", defendeu José Manuel Oliveira.
Na resolução aprovada nos plenários, os trabalhadores exigem a continuação das negociações da revisão do Acordo de Empresa e do Regulamento de Carreiras, "que valorize os salários de modo a fazer face ao brutal aumento do custo de vida, valorize as profissões e proceda à integração dos trabalhadores da ex-EMEF sem perda de direitos e redução de remunerações".
Para os trabalhadores, "a proposta de aumento salarial de 0,9% significa, na prática, mais um ano sem aumento dos salários, com a agravante de acontecer num ano em que o custo de vida aumenta de forma galopante".
Notícia atualizada às 09h25