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Os sindicatos reagiram com surpresa à decisão da Direção-Geral da Administração e Emprego Público de impor aos funcionários públicos a mobilidade para outros postos de trabalho, de forma a responder às necessidades de prevenção da pandemia. A medida abrange os trabalhadores que não estejam em teletrabalho.
Em declarações à TSF, a Frente Comum considera que esta é uma medida "inaceitável". "Isso é inaceitável sem qualquer discussão com os sindicatos impor uma medida dessas à boleia da pandemia. Esta pandemia tem servido para tudo e mais alguma coisa, no que toca a violar direitos dos trabalhadores, mas quer dizer, a própria paciência dos trabalhadores tem limites", disse o coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana.
"É uma perfeita confusão que se vai instalar. E é um problema que o Governo continue a fazer isto. Fazer sair medidas que afetam a vida dos trabalhadores sem os consultar", acrescenta o mesmo dirigente sindical.
O coordenador da Frente Comum, Sebastião Santana, tem "confusão" e diz que a paciência dos trabalhadores tem limites
A FESAP também se mostra preocupada com a medida. "É com preocupação. Temos bem presente o que significa o interesse público, mas como desconhecemos tais medidas, não houve nenhuma negociação, temos muito receio daquilo que pode ser a arbitrariedade que situações como essas podem vir a gerar", diz José Abraão, que se mostra "surpreendido".
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"Aos trabalhadores da administração pública que não estejam em teletrabalho pode ser imposto, pelo empregador público, para salvaguarda quer do interesse público, quer do interesse do trabalhador, o exercício de funções em local diferente do habitual, quando estejam em causa razões de gestão do órgão ou serviço e para acautelar o cumprimento das suas atribuições", pode ler-se no site da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP).
José Abraão, da Fesap, lamenta que sindicatos não tenham sido consultados pelo Governo
Nestas situações, devem "sempre que possível" ser privilegiados os seguintes critérios: que o trabalhador não pertença a grupos de risco ou que não tenha dependentes a cargo integrados em grupos de risco e "maior proximidade à residência do trabalhador", refere a DGAEP.
A DGAEP atualizou esta quinta-feira o conjunto de perguntas e respostas disponíveis na página dedicada à covid-19, nomeadamente sobre o exercício presencial de funções públicas, no dia em que o Conselho de Ministros aprovou a resolução que declara a situação de contingência no país a partir de terça-feira.

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