Trabalhadores dos bares da CP sentem-se "a bola" de um pingue-pongue entre ministérios

Com quase dois meses de salários em atraso, os trabalhadores da Apeadeiro 2020, que vai entrar em processo de insolvência, dizem-se à mercê de um "jogo do empurra" entre as Finanças e as Infraestruturas.

Com a empresa que detinha a exploração dos bares dos comboios da CP, a Apeadeiro 2020, prestes a entrar em insolvência, e sem que o pedido de autorização para abrir um concurso que encontre uma nova concessionária tenha chegado às Finanças, os trabalhadores dizem sentir-se "a bola" de um jogo de "pingue-pongue" entre ministérios.

Recebidos esta tarde no Ministério das Finanças, ficaram a saber que ainda não foi pedida autorização para a abertura de um concurso público na CP, o que desmente o que secretário de Estado das Infraestruturas lhes transmitiu.

Frederico Francisco tinha garantido a estes trabalhadores, "anteontem, que da parte do Ministério das Infraestruturas e da CP, o processo para o concurso estava completo" e já sob alçada das Finanças, explicou à TSF Luís Batista, pelo Sindicato da Hotelaria do Sul.

Do lado das Finanças, ouviram que "não está lá nenhum documento relativo ao concurso para ser assinado", ​​​​​​embora a Apeadeiro 2020 possa entrar em insolvência "ainda hoje".

"Estamos novamente com uma mão-cheia de nada", lamentou o representante dos trabalhadores que têm vindo a ver a sua situação financeira "agudizar-se" desde janeiro.

"Os salários de janeiro não foram corretamente pagos, todo o salário de fevereiro não foi pago e, estando já a dia 24, muito próximos do final do mês, não será também pago o salário do mês de março pela Apeadeiro 2020." Feitas as contas, pelo próprio, são "dois meses de salário, e mais qualquer coisa, que não foram pagos".

Perante este cenário, Luís Batista fala de um "jogo de pingue-pongue" entre os ministérios das Infraestruturas e das Finanças em que "os trabalhadores são a bola".

Por não quererem ser essa bola, reúnem-se esta tarde em plenário na estação de Santa Apolónia, em Lisboa, para decidir como "endurecer e continuar o processo de radicalização das formas de luta"

Na mesma estação decorre, a partir das 18h30, um concerto em solidariedade para com os trabalhadores: a participação é livre e há em simultâneo uma recolha de "produtos alimentares e de higiene".

A CP disse, a 17 de março, que iniciou os procedimentos legais para lançar um novo concurso para o serviço de bares nos comboios de longo curso, depois de avançar com a resolução do contrato com a Apeadeiro 2020.

A empresa deixou de pagar salários, estando o serviço suspenso há algumas semanas nos bares dos comboios. Os trabalhadores estão em greve desde 1 de março e têm-se mantido em vigília nas estações de Campanhã, no Porto e de Santa Apolónia, em Lisboa.

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