- Comentar
A Universidade de Aveiro (UA) suspendeu temporariamente esta segunda-feira um docente daquela instituição acusado de ter feito comentários homofóbicos na sua página da rede social Facebook.
Relacionados
Portugal cai cinco lugares no índice sobre direitos de pessoas LGBTI, mas mantém-se no topo
Portugal recebe festival internacional de música LGBTI pela primeira vez em julho
Em declarações à Lusa, o reitor da UA, Paulo Jorge Ferreira, esclareceu que a suspensão temporária foi determinada esta manhã, na sequência de um processo disciplinar instaurado na sexta-feira contra o professor de Física Paulo Lopes.
"Todos os elementos relevantes para o processo foram reunidos e o processo foi instaurado na sexta-feira passada. O professor foi ainda suspenso, já no âmbito desse processo, para que agora se possam proceder às diligências necessárias com a tranquilidade indispensável", disse o reitor.
Paulo Jorge Ferreira falava aos jornalistas em frente à reitoria quando decorria à mesma hora, naquele lugar, uma manifestação contra o discurso de ódio e discriminação na UA, reunindo cerca de 200 estudantes universitários que entoavam cânticos como "a nossa luta é todo o dia, contra o racismo, machismo e homofobia" e "presta atenção, homofobia não é opinião".
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Segundo Paulo Jorge Ferreira, esta decisão foi justificada pela "natureza das declarações e a forma como afetaram o imprescindível ambiente de confiança que deve existir entre um professor e os seus estudantes, o conflito óbvio entre os valores da Universidade e a falta de valores que essas declarações implicam e o impacto sobre a imagem e valores da própria Universidade".
O reitor referiu ainda que atuou "o mais rapidamente que era possível atuar, dentro da lei e dos procedimentos disponíveis", garantindo que a UA "rejeita liminarmente qualquer discurso de ódio, qualquer apelo à violência, seja por que motivo for".
Em causa está uma publicação que o professor Paulo Lopes fez na sua página da rede social Facebook, na qual critica abertamente a comunidade LGBTQ+, a propósito de uma campanha publicitária que dá a conhecer vários termos relacionados com esta comunidade, como "gay", "lésbica", "queer" ou "não-binária".
"Acho que estamos a precisar urgentemente duma 'inquisição' que limpe este lixo humano (?) todo!", escreveu o docente, considerando que este ato publicitário "é uma agressão e merecia umas valentes pedradas nas vitrinas só para aprenderem".
Desagradados com esta situação, vários alunos criaram um grupo na rede social Facebook intitulado "ação contra o prof. Paulo Lopes" que já conta com mais de 700 membros.
Num email enviado à Lusa, o professor Paulo Lopes referiu que esta polémica "é artificial", afirmando que advém de uma "reação violenta" do grupo visado.
"Os ditos 'estudantes' reagiram na qualidade de cidadãos e não de alunos, pois as minhas ações não decorreram no meu local de trabalho que deve ser mantido à margem e nem sequer no âmbito do meu trabalho", afirmou o docente, considerando que a reitoria "não tem que se manifestar sobre rigorosamente nada".
Paulo Lopes insistiu ainda que a publicação que fez foi a título pessoal e espelha a sua opinião pessoal, que "é soberana num estado que é considerado livre e consagrada na Constituição".
"Naturalmente, haverá quem não goste da minha posição, mas isso faz parte da vida. Eu também não gosto de muitas posições e não faço alarido nem persigo ninguém, limito-me a comentar, como aliás o fiz na minha publicação", concluiu.