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O serviço de urgência de obstetrícia do Hospital de Setúbal está a funcionar, mas ainda não há garantias de que continue aberto no domingo. A unidade tem de ter três médicos permanentes, e, de acordo com o presidente da região Sul da Ordem dos Médicos, Valentim Lourenço, os trabalhos de domingo ainda são uma incógnita.
"Não estava ainda garantida a presença de três elementos. Não sei se hoje vão conseguir a contratação, para algumas horas, de algum profissional que possa superar essa dificuldade." Ainda que a urgência de obstetrícia possa abrir, Valentim Lourenço considera que "contratar médicos à pressa significa muitas vezes que não são os médicos adequados para os serviços que temos de prestar".
Em declarações à TSF, Alexandre Valentim Lourenço admite que recebeu sem surpresa a notícia da demissão do diretor do serviço de obstetrícia do Hospital de Setúbal. Pinto de Almeida demitiu-se esta sexta-feira, devido à falta de profissionais que obrigou ao encerramento da urgência durante a semana.
Ouça as declarações de Valentim Lourenço.
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"Sabendo que o diretor do serviço tem sido uma das pessoas que mais se tem esforçado para manter o serviço em condições para abrir com qualidade para a população em Setúbal, a surpresa não existe", declara Valentim Lourenço. "O conselho de administração não teve até hoje, durante dois anos, a capacidade de resolver os problemas sempre levantados, quer pela Ordem, quer pelos responsáveis locais."
Para o presidente da região Sul da Ordem dos Médicos, a demissão do diretor do serviço é "apenas um sintoma final de impotência face aos médicos", que deixaram de "poder resolver situações que deveriam ser fáceis de resolver e que põem a saúde das grávidas e dos bebés à frente de outras preocupações economicistas".
Valentim Lourenço diz que demissão do diretor não suscitou surpresa.
Alexandre Valentim Lourenço acredita que a situação só se resolve com mudanças legislativas, para atrair médicos para os hospitais portugueses. "É essencial que se mude o quadro legislativo" para permitir "a contratação para os quadros de mais profissionais com melhores condições de trabalho", advoga.
E a carência de profissionais de saúde estende-se a outras unidades de saúde, salienta o representante da Ordem dos Médicos. Também noutros hospitais, é necessário trabalho para projetos - como as áreas de ecologia obstétrica, cirurgias complexas e vigilância do cancro em órgãos femininos - que não se resumam a prestar serviços de urgência. "Não há projetos profissionais que atraiam novos especialistas", constata.
A urgência de obstetrícia do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, teve de encerrar na quarta-feira, durante 24 horas. O serviço acusa falta de profissionais desde o final de 2019.