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A vacina contra a Covid-19 que está a ser desenvolvida em Portugal continua a aguardar financiamento do Governo para avançar com testes em humanos.
Em Espanha já foi anunciada a aprovação dos ensaios clínicos em humanos, mas a empresa Immunethep, com sede em Cantanhede, continua sem resposta do Governo, apesar do Estado já ter mostrado interesse na vacina.
Pedro Madureira, diretor científico da Immunethep, explica à TSF que há muitas fases depois da aprovação do financiamento que são postas em causa.
"Temos que ter uma primeira reunião com a IMS. Temos que agendar, normalmente vai havendo agendamento dependendo da disponibilidade deles. Se não conseguirmos agora, se daqui a um mês marcarmos outra vez, não quer dizer que vamos ter naquele momento. Podemos esperar mais três, quatro, cinco, seis meses por essa reunião", revela.
Ouça as declarações de Pedro Madureira à TSF
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Com cada vez mais pessoas vacinadas, os atrasos podem também impossibilitar o desenvolvimento dos ensaios clínicos em Portugal.
"A nossa ideia é fazer a fase 1 e a fase 2 em Portugal e depois a fase 3 noutro país, mas também se demorar muito, provavelmente, iremos ter de fazer a fase 1 e 2 noutros países que não em Portugal", admite.
Relativamente aos objetivos dos ensaios clínicos, Pedro Madureira explica que a fase 1 pretende indicar "se a vacina induz qualquer efeito adverso que possa impedir o seguimento do ensaio clínico. Se não induzir nenhum efeito adverso, passa-se à fase 2 em que já são testados parâmetros como a capacidade da vacina levar à produção de anticorpos. A fase 3 é aquela em que o objetivo é avaliar a eficácia da vacina".
Pedro Madureira explica os objetivos de cada fase dos ensaios clínicos
A vacina que está a ser desenvolvida pela empresa de Cantanhede será administrada por inalador, "semelhante a uma bombinha de asma". Pedro Madureira defende que isso é uma mais-valia sobretudo em termos de distribuição, "porque não necessita da mobilização de pessoal médico especializado".
"Neste momento, nós vemos países africanos e da América Latina que tiveram poucas doses da vacina e não podemos pensar que atingimos a imunidade de grupo em Portugal ou na Europa e isolamo-nos do resto do mundo. A partir do momento em que há relações económicas e globalização só atingiremos essa imunidade de grupo quando todo o mundo estiver vacinado", garante.
