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O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge refere esta terça-feira, no relatório de monitorização de diversidade genética do coronavírus, que a variante Delta (B.1.617.2), inicialmente detetada na Índia, já é a mais prevalente em Portugal, atingindo uma frequência relativa de 88.6% na semana de 28 junho a 4 julho, e de 100% em Lisboa e Vale do Tejo.
O INSA avança ainda que a variante Delta apresenta já uma prevalência de 100% nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve, de 88,2% no Norte, de 81,8% no Centro, de 95% no Alentejo, de 62,5% nos Açores e de 79,2% na Madeira.
Esta variante já se tornou dominante em todas as regiões. São ainda assinalados 56 casos em que a variante apresenta a mutação adicional K417N na proteína Spike, embora o relatório evidencie a "tendência decrescente" desta mutação.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia admite que já esperava esta explosão da variante Delta em Portugal. António Morais explica, em declarações à TSF, que o expectável é que, em breve, esta variante, com origem na Índia, chegue a representar quase 100% dos casos de Covid-19 em todo o país, e não apenas em duas regiões. Com a variante detetada no Reino Unido, "aconteceu exatamente o mesmo", argumenta o investigador.
Resta, de acordo com António Morais, "saber, mediante cada variante que seja mais eficaz em termos de transmissibilidade, qual é resposta que ela tem às vacinas que temos disponíveis".
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O perito ficou, no entanto, surpreso com o quase desaparecimento das variantes da África do Sul e do Brasil. "É uma boa notícia, porque efetivamente havia algumas questões de diminuição de eficácia de algumas vacinas."
"É uma surpresa que a variante Manaus não tenha tido um alastramento no nosso país dada a proximidade que existe entre Portugal e Brasil. Na altura foram tomadas medidas de restrições de viagens que podem ter contribuído para isso."
Ouça a explicação de António Morais.
A frequência das variantes Beta (B.1.351) e Gamma (P.1), detetadas inicialmente na África do Sul e no Brasil (Manaus), respetivamente, "mantém-se baixa e sem tendência crescente (inferior a 1%) nas últimas amostragens a nível nacional". Não se detetaram novos casos da variante Lambda (C.37), a qual apresenta circulação vincada nas regiões do Peru e do Chile.
Tornou-se uma variável de interesse a B.1.621, encontrada inicialmente na Colômbia, com uma frequência relativa média de 1% nas últimas semanas. Esta variante "apresenta várias mutações na proteína Spike, que são partilhadas com algumas das variantes de preocupação", de acordo com o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.
No âmbito do estudo iniciado em abril de 2020 sobre diversidade genética do SARS-CoV-2, foram analisadas 11.386 sequências do genoma do coronavírus, obtidas de amostras colhidas em mais de 100 laboratórios, hospitais e instituições, representando 290 concelhos de Portugal.
Em junho, o instituto anunciou um reforço da vigilância das variantes do vírus que causa a Covid-19 em circulação em Portugal, através da sua monitorização em contínuo.
Esta nova estratégia permite uma melhor caracterização genética do SARS-CoV-2, uma vez que os dados serão analisados continuamente, deixando de existir intervalos de tempo entre análises, que eram dedicados, essencialmente, a estudos específicos de caracterização genética solicitados pela saúde pública.
