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Em Braga, há uma associação sem fins lucrativos que, em três anos, já serviu mais de 370 mil refeições a 1000 pessoas em situação de emergência alimentar.
O 'Virar a Página', nome da instituição, nasceu a 16 de março de 2020, fruto da pandemia de Covid-19, visto que algumas das cantinas protocoladas pela Segurança Social, na cidade dos arcebispos, acabaram por encerrar.
Um projeto improvisado que nasceu do sentido de responsabilidade de Helena Pina Vaz, coordenadora do 'Virar a Página', na cozinha do CLIB - Colégio Luso Internacional de Braga, do qual é diretora.
Ouça aqui a reportagem da TSF
Sem apoios do Estado, o 'Virar a Página' presta atualmente auxílio diário, com almoços e jantares, sete dias por semana, a 165 pessoas, mas a pressão social, de acordo com a coordenadora, tem vindo a aumentar.
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"Habitualmente, nós demoramos um ou dois dias a ligar às pessoas para confirmar as situações para ver, por exemplo, se há duplicações, etc. Mas há cerca de três semanas tivemos num só dia 13 novos pedidos, o que tem atrasado a nossa logística", relata.
Todos os pedidos passam por uma espécie de triagem, de modo a garantir que a equipa, com recursos limitados, responde a casos em que existem "carências graves" e não a quem "dava jeito não gastar dinheiro com alimentação".
É através de um grupo de WhatsApp que este "quartel general" é organizado para garantir o pão na mesa a centenas de pessoas que perderam o emprego, estão deslocados e/ou são idosos que vivem sozinhos com mobilidade reduzida.
Sacos e embalagens plásticas são alguns dos bens mais preciosos, visto que asseguram que as refeições chegam em segurança.
O número de pessoas no agregado familiar, patologias como a diabetes ou falta de dentição, são alguns dos pormenores que os voluntários têm em conta, neste que é um contacto de proximidade.
"Acabamos por nos intrometer, no bom sentido, em todas as necessidades das famílias", como falta de mobiliário, roupas, entre outros.
As refeições são levadas até casa ou pontos próximos da residência, como uma associação de moradores ou junta de freguesia.
Em 2022, o 'Virar a Página' assinou um protocolo com a Associação de Trabalhadores do Hospital de Braga, com vista a apoiar os trabalhadores em situação de vulnerabilidade económica.
A própria unidade hospitalar contacta o 'Virar a Página' para assegurar refeições a doentes que tiveram alta hospitalar, mas não estão 100% autónomos. A Comissão de Proteção de Menores é outro dos exemplos.
Neste curto espaço de tempo, repleto de desafios, o 'Virar a Página' teve de mudar três vezes de instalações. Primeiro, ocuparam a cozinha do CLIB, mas com o início das aulas presenciais, a cantina teve de mudar-se para o Centro Paroquial de Gualtar. A última morada foi um antigo restaurante, em Santa Tecla.
Sem outro lugar disponível para instalar a cantina, apesar das promessas, conseguiram, com o apoio da sociedade civil, em 13 meses, angariar a verba necessária para adquirir o espaço.
Helena Pina Vaz recorda também o medo inicial de algum membro do projeto ficar infetado com Covid-19, o que levaria ao fecho imediato da cantina.
Sábado, 18 de março, o dia será de festa. Pelas 15h00, todos estão convidados a "Pôr os pés a caminho". O ponto de partida é o CLIB.
Para ajudar o 'Virar a Página' basta fazer um donativo ou adquirir um dos aventais que têm para venda nas redes sociais da associação. Os interessados em fazer voluntariado ou doar bens alimentares, embalagens e/ou sacos podem entrar em contacto pelo mesmo meio.