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E se lhe pagassem para passar algumas horas a dormir?
E se lhe pagassem muito bem para passar cinco noites a dormir num hotel de cinco estrelas?
Se, em cada noite, lhe fosse pedido que se entregasse à volúpia dos lençóis e ao conforto dos colchões dos melhores quartos de um hotel de cinco estrelas? E que, experimentada a suavidade das sedas e do linho e a firmeza dos melhores colchões de molas ou de espuma, lhe pedissem uma anotação crítica da experiência?
Uma empresa hoteleira de Inglaterra publicou um anúncio em busca de candidatos a este (ainda que temporário) emprego de luxo: os candidatos seleccionados vão receber 500 libras para deslocações e outras mil como pagamento pelos cinco dias de maçada a que se prestam. A oferta só se aplica a residentes no Reino Unido, maiores de dezasseis anos. Como é que um sociólogo e uma professora de Ciências da Comunicação (os comentadores residentes deste magazine, Paulo Pedroso e Rita Figueiras) reagem a um anúncio tão sui generis? Será que algum trabalho precário não é tão mau como o pintam, mesmo sendo precário?
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Ouça na íntegra o magazine A Espantosa Realidade das Coisas: Um emprego precário, mas de luxo
Esta foi a semana em que Marcelo apontou, finalmente, aos portugueses, a estrela de Belém, confirmando o que já era sabido.
Sublinhadas as razões de uma recandidatura, Marcelo garantiu que é "o mesmo de há cinco anos" e que os portugueses o conhecem, "há pelo menos 20 anos, semana a semana".
E assim temos a longa carreira de comentador televisivo invocada como trunfo pelo presidente recandidato. Esta é matéria sobre a qual a professora Rita Figueiras construiu tese, disso dando conta num livro intitulado "O Efeito Marcelo". E por isso o editor do magazine dos domingos lhe perguntou por que razão terá o PR (no papel de recandidato) feito essa referência aos 20 anos de presença na pantalha?

Paulo Pedroso e Rita Figueiras, os comentadores residentes do magazine semanal de Fernando Alves, A espantosa realidade das coisas
© Jorge Amaral/Global Imagens
Outro presidente, o francês Emanuel Macron, mostrou-se favorável a que sejam dados novos nomes às ruas e esculpidas novas estátuas enaltecendo entre 300 a 500 novas personalidades numa linha de diversidade que leve em conta o facto de, no seu entender, "uma parte da história francesa não estar, até agora, representada".
Numa entrevista ao site de informação Brut, Macron evocou, também, a necessidade de "conciliar as memórias relativamente à Argélia". O sociólogo Paulo Pedroso é convidado a enquadrar esta iniciativa do presidente francês. Macron prometeu dar a palavra aos historiadores, serão eles a sugerir os nomes que melhor possam representar minorias até agora esquecidas ou subalternizadas. Algumas vozes vão, entretanto, sublinhando o carácter estritamente simbólico destas alterações. Myriam Cottias, a historiadora do período colonial que preside ao comité nacional para a memória da história da escravatura, foi uma das vozes que veio a público lembrar que "só isto não resolverá os problemas. São necessárias políticas mais determinadas para enfrentar as questões ligadas aos grupos minoritários". O tema é amplamente comentado na Espantosa Realidade das Coisas.
Por entre as estátuas, vai o amolador de facas e tesouras. Lança um assobio em decibéis altos, furando a orquestra de motores da cidade. Aqui e além, pára a bicicleta equipada com roda de amolar e dá ao pedal, fazendo girar a roda de esmeril. Vai ao seu encontro a repórter Teresa Dias Mendes. Não lhe ocorre perguntar ao amolador se sabe a história daquela Beatriz Costa que dá nome à rua de Odivelas onde conversam. É outro o fio da urgência
Não haverá por certo amoladores em "Colapso", a série que nos propõe "8 visões para o fim do mundo".
Esta mini-série, sobre a qual reflectem os comentadores residentes do magazine dos domingos, foi filmada ainda antes da pandemia. Ela coloca-nos perante problemas centrais, partindo de pequenas e inesperadas perturbações. Um dia, o multibanco deixa de funcionar e daí ao colapso do sistema bancário tudo entra num processo sem retorno. O fim dos recursos do planeta e as alterações climáticas são outros factores de aceleração do desastre.