A conversa com Manuel Saldanha Rocha, engenheiro agrónomo de 27 anos, decorre em pleno pomar de limoeiros, num lugar chamado Bufareira, muito perto de Mação. São quatro hectares nos quais Manuel Saldanha Rocha alinhou três mil limoeiros.
"Este pomar", explica o jovem agricultor, "começou a surgir na minha cabeça há uns quatro ou cinco anos, quando o meu avô adquiriu terras dos irmãos. Foi a visão de alguém que olhou para um neto e apreciou o seu interesse pelo território e pela agricultura". O avô de Manuel negociou esse terreno com os irmãos com o objectivo de agarrar o neto à terra.
"Isso provocou em mim um click", explica o entrevistado da Rede Social de Fernando Alves. "Percebi que havia um apoio familiar e a ideia de dar continuidade ao património que nos foi deixado instalou-se. No início de 2017, fiz a primeira desmatação das terras, ainda sem ter uma ideia sobre o que iria produzir aqui. O mato era tanto que não conseguíamos cá entrar. Mas quis ver as terras limpas e depois comecei a sonhar".
Também o avô de Manuel ali sonhou, quando no longo declive agora desenhado como um pomar de limoeiros existiu uma vinha. O avô costuma contar histórias de quando os rapazes desse tempo iam tomar banho a um grande tanque que havia lá onde terá havido, mais longinquamente, um ribeiro. O tanque ainda existe. E há um poço e uma nora. Manuel acredita que poderia tirar daquele chão cem mil litros de água por dia. Por agora, os limoeiros bebem, no pico do Verão, vinte mil litros de água por dia. Quando a conversa acabou, começou a cair uma chuva miudinha sobre a Bufareira.
