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A zona ribeirinha de Lisboa é o lugar privilegiado da sua mais recente investigação. A recente reedição aumentada do seu livro "Cais Real de Belém e Cais da Pedra no Terreiro do Paço -Planos de D. João V para a marinha de Lisboa" (edição Mazu Press) é o pretexto próximo para esta conversa que começa por revisitar os antigos cais de pedra da cidade de Lisboa.
Ouça o programa "A Rede Social" de Fernando Alves
A autora explica ao jornalista Fernando Alves que a sua investigação sobre o Cais das Colunas começou em 1996 e não se cingiu ao século XVIII, tendo recuado muito "para perceber o contexto e as necessidades da população" porque "o cais, como agora o vemos, é somente um monumento e um sítio frequentado pelos turistas mas, na verdade, tinha uma função clara e essa função prolongou-se até aos anos 50 do século passado quando foi terminal de cacilheiros". A necessidade de criar lugares de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias vem de muito atrás. Na investigação a que se entregou, Alexandra de Carvalho Antunes foi parar ao século XVI, o que lhe permitiu descobrir na biblioteca da cidade de Leiden uma gravura de 1530, a mais antiga referente a este cais de pedra . Mas o século XVIII é o seu ancoradouro, para o estudo que origina o livro.
A conversa demora-se numa frente de rio transformada em cais-muralha, revisita o cais desenhado por Carlos Mardel antes do terramoto, revela a preciosa informação sobre as sucessivas frentes de rio obtida com as escavações para a construção do CCB. E permite avaliar a importância da linha ribeirinha de Belém, enquanto importante lugar de recreio da realeza. O cais de Belém, de onde a família real embarcou para o Brasil e em cuja praça os Távoras foram expostos no cadafalso e executados, antecedeu o Cais das Colunas que, de algum modo, o replica.