- Comentar
No Brasil só se ouve falar em hexa. Hexa, hexa, hexa. O único país pentacampeão mundial de futebol quer ganhar mais uma Copa, a sexta, e ser hexa.
Depois do sinal de L, de Lula, ter ganho as ruas ao longo da campanha, é a vez do sinal de mão cheia, mais o indicador da outra, seguido de gritos "é hexa, é hexa". O único problema de ganhar muitos mundiais, entretanto, é que se fica sem mãos livres.
Razão pela qual a família Silva, de Águas Claras, no Distrito Federal, é a mais ansiosa de todas as famílias brasileiras. Eles estão desejosos de mostrar ao resto do Brasil que, se a seleção for mesmo hexa no Qatar, só precisam de uma mão para celebrar.
Desde há quatro gerações, a maioria dos membros da família Silva apresenta polidactilia, ou seja, tem seis dedos em cada mão - e cada pé.
Ouça aqui a crónica Acontece no Brasil
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Rebatizada de "família hexa", todos descendem de Francisco de Assis Carvalho da Silva, um dos fundadores de Brasília, a cidade erigida no meio do nada para se tornar a capital do país nos anos 50. Silva, já falecido, era advogado e músico, com habilidades, digamos, suplementares no dedilhar da guitarra.
Os Silva de Águas Claras não são famosos desde hoje. Já há uns anos, uns quantos membros da família foram à Alemanha participar em experiências de uma empresa que desejava aprimorar a confeção de próteses, entendendo como se processa a informação do cérebro para o sexto dedo.
Numa das reportagens sobre os "hexa", o próprio Lula, eleito presidente, comentou. "Eu fiquei-me pelo tetra", lembrou, a propósito da falta do dedo mindinho da mão esquerda após acidente enquanto metalúrgico.