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Entre muitos abraços, choro e trocas de presentes, depois de muita angústia, emoção e confusão de sentimentos, duas mães e duas filhas, finalmente, encontraram-se. A reunião ocorreu, por coincidência, no lugar adequado - uma sala de cinema reservada para o efeito.
O início da história, entretanto, foi sete anos antes: numa madrugada de maio, em Planaltina, no Distrito Federal, nasceram duas meninas no intervalo de cinco minutos.
Anos depois, o pai de uma delas, que nunca vivera com a família, recusou-se a continuar a pagar a pensão por ter descoberto, através de um exame de ADN, que a criança não era sua - uma desconfiança antiga por a achar com pele escura demais. A mãe fez então o seu próprio exame de ADN e o resultado foi idêntico - a criança não era sua filha.
Revoltada, pôs a maternidade, pública, em tribunal. O caso gerou uma investigação policial que chegou à família da outra menina, nascida cinco minutos depois. Testes de ADN realizados, dúvidas desfeitas - houve troca de bebês e as duas mães, como no último filme do cineasta espanhol Pedro Almodovar, são paralelas.
Gerusa Ferreira, a mãe que vive há meses com esta angústia, diz-se "arrasada". E, ao mesmo tempo, "feliz", por saber que a filha biológica foi bem tratada estes sete anos. A outra mãe, que prefere continuar anónima, encara os mesmos dois sentimentos contraditórios, sendo que, para ela, o turbilhão emocional dura há dias, não meses.
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E as meninas? Como está a ser o drama delas? Segundo as mães e os seus advogados, as duas crianças vêm lidando com a situação de forma bem mais leve do que as mães, achando até divertida toda a história. Como são ambas de Planaltina, não morando tão distantes assim uma da outra, as mães e as filhas combinaram encontros regulares. Com muitos abraços, choro e confusão de sentimentos.