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A convenção do Movimento Democrático Brasileiro em Cocal, no Piauí, tinha tudo para ficar mediaticamente restrita a Cocal, no Piauí. E, no entanto, por causa de um discurso tornou-se notícia nacional. De canto de jornal mas ainda assim notícia nacional no Brasil.
José Maria Monção, ex-prefeito da cidade, discursava perante os companheiros do MDB, um dos maiores partidos do país, até há poucos anos liderado pelo ex-presidente Michel Temer.
A páginas tantas surpreendeu os presentes ao atacar o seu sucessor, Rubens Vieira do PSDB, importante força política brasileira, onde milita Fernando Henrique Cardoso e outras lideranças de relevo.
Acontece no Brasil - "Este prefeito rouba mais do que eu"
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Disse Monção: "Não é que o Cocal também seja o fim do mundo, mas passa a administração e todos padecem. Eu fui prefeito três vezes, eu sei o meu sofrimento, mas também não roubei o tanto que esse aí roubou", afirmou.
"Está entendendo? Esse é descarado, esse está é afundando o Cocal".
Monção foi detido na Operação Harpia, da Polícia Federal, acusado de desviar dinheiro do Fundeb, um fundo para desenvolvimento educacional.
Vieira, o visado, reagiu em comunicado dizendo que Monção "expôs de maneira confessa um conjunto de irregularidades do seu grupo político".
A prática de acusar um rival político de roubar mais tem história no Brasil. Começou em Adhemar de Barros, prefeito de São Paulo nos anos 50. Um slogan contra si - "Adhemar rouba mas faz" - tornou-se o seu próprio slogan e com ele conseguiu reeleger-se.
O eleitorado brasileiro, coitado, já sabe: como todos roubam, mais vale votar nos que fazem alguma coisa do que nos que não fazem nada.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil.