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O que é um pelotão de homens, vestidos com fardas iguais, coletes táticos, calças táticas, coldres táticos, cintos táticos e botas, tudo em tom de azul escuro?
Agentes devidamente armados, que usam viaturas com alertas sonoros, as sirenes, e visuais, o nome "patrulha" bem visível e as luzes intermitentes no tejadilho? E que faz abordagens aparatosas nas ruas?
Como diz o ditado brasileiro, aqui adaptado à situação, se tem cara de polícia, se tem roupa de polícia, se tem arma de polícia, se tem carro de polícia e se tem comportamento de polícia, deve ser polícia. Mas não é.
"Nunca fomos confundidos com polícias", diz Gilmar Bezerra, o chefe da polícia que não é polícia.
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Bezerra, 45 anos, é pastor. Fundou não apenas o "Ministério A Promessa de Deus", nome da igreja evangélica neo-pentecostal, como também a "Patrulha da Paz", a tal milícia armada a que chama de "organização missionária" que aborda toxicodependentes e pessoas sem-abrigo nas ruas de Ceilândia, subúrbio miserável da capital federal Brasília.
Bezerra, apesar de comandar um grupo de 40 voluntários, não se define como o comandante, diz ele. "O comandante é Deus."
Diz ainda que, apesar da cara de polícia, da roupa de polícia, da arma de polícia, do carro de polícia e do comportamento de polícia, jamais a "Patrulha da Paz" foi confundida com polícia pelos abordados. Porque começa essas abordagens com um "boa noite".
Alguns dos patrulheiros, garante ainda Bezerra, eram pessoas sem-abrigo entretanto evangelizadas pela patrulha.
A Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, divulgou o site The Intercept Brasil, vai analisar a situação da "milícia da fé".
No entanto, como nunca na história do Brasil as milícias estiveram tão perto do poder, a "Patrulha da Paz" sente-se protegida.
O correspondente da TSF no Brasil, João Almeida Moreira, assina todas as quintas-feiras a crónica Acontece no Brasil