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Falta de ar, crises de choro e muito tremor foram sintomas apresentados, em simultâneo, por alunos de uma escola pública no Recife, a capital do estado brasileiro de Pernambuco.
26 deles, todos adolescentes, com batimentos cardíacos acelerados, tensão arterial baixa e até desmaiados, foram atendidos de urgência pelos serviços médicos da cidade numa manhã da semana passada.
"Um cenário", segundo o pai de uma das alunas, de 14 anos, "de filme de terror" na Escola de Referência em Ensino Médio Ageu Magalhães, no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife.
Ouça aqui a crónica "Acontece no Brasil"
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O caso intrigou os envolvidos e a comunidade local, mas também médicos e psicólogos de todo o Brasil. São comuns situações de ansiedade coletiva? E não foi nada além disso, não houve registo de intoxicação alimentar ou ingestão de bebidas, de drogas?
Todos os exames revelaram que não, que não havia sinais de intoxicação nem de drogas. E a história da medicina acrescenta que, embora raros, os casos de ansiedade coletiva acontecem mesmo - sobretudo entre jovens, onde as reações em cadeia são mais frequentes.
Naquele dia, os alunos de 14 e 15 anos realizaram o primeiro teste - no Brasil, o ano letivo começa em janeiro - desde o regresso das aulas presenciais. Segundo uma das diretoras da escola, uma das alunas sentiu transtorno de ansiedade e gerou efeito dominó entre os colegas.
Muitos acharam que iam morrer, o que agravava os seus casos e acelerava o efeito dominó de desespero dos estudantes, contam professoras.
A UNICEF projetou em relatório divulgado em outubro de 2021 que crianças, adolescentes e jovens podem sentir o impacto da Covid-19 na saúde mental e bem-estar por muitos anos. A rutura com as rotinas, a educação, a recreação e a preocupação com o rendimento familiar e com a saúde deixaram muitos jovens com medo, irritados e preocupados com o futuro, diz o documento.