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Portugal é o país do mundo com maior percentagem de mulheres em cursos de ciências - correspondem a 57%. É também o segundo país da União Europeia com mais investigadoras a trabalhar no Estado - são 60% , por comparação à média europeia que se posiciona nos 43%.
No caso de cientistas portuguesas espalhadas pelo mundo, os números também são positivos, já que a maioria é do sexo feminino.
Mas se olharmos para o total, há mais homens na ciência, talvez porque começaram mais cedo a lá chegar.
Ouça o "Botequim" com Zita Martins, Maria José Costa e Lígia Amâncio moderado por Sara de Melo Rocha
Portugal começa a perder vantagem nestes números quando analisados os cargos de topo. Apenas 30% dos diretores de instituições de ensino superior são mulheres e só 26% conseguiram chegar a professoras catedráticos e investigadores no topo da carreira. Estas percentagens estão acima da média europeia, mas ainda assim longe da paridade.
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A perceção pública de um cientista continua a ser dominada pelo masculino e isto faz com que as cientistas portuguesas tenham mais dificuldade em receber convites para conferências e tenham mais barreiras no acesso a financiamento e que fiquem para trás quando escolhem ter filhos.
A desigualdade na participação feminina na ciência vê-se também entre o setor público e privado, uma vez que apenas 28% dos investigadores nas empresas são mulheres.
A ciência não está isenta das várias formas de discriminação de género. No Botequim tentamos entender como é ser mulher no mundo das áreas STEM - Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática - com a ajuda de:
Zita Martins é astrobióloga e uma das maiores especialistas em astrobiologia do mundo, a ciência que tenta descobrir como surgiu a vida na Terra e se existe vida em outras partes do sistema solar. Esteve na NASA a convite da agência espacial. É professora associada no Instituto Superior Técnico, participa em várias missões espaciais e é codiretora do Programa Científico-tecnológico MIT Portugal. Foi condecorada em 2015 pelo presidente da República com a ordem de Santiago de Espada.
Maria José Costa é presidente da AMONET, a Associação Portuguesa das Mulheres Cientistas. É professora catedrática aposentada da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. É da área de Biologia, foi presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais. Foi uma das 100 cientistas homenageadas pelo Ciência Viva no Dia da Mulher.
Lígia Amâncio é doutorada em sociologia com uma longa carreira dedicada aos estudos de género em Portugal, tendo-se centrado no estudo das mulheres em profissões de visibilidade pública e qualificadas, como a política, a ciência e a medicina. Fez parte do Conselho Diretivo da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Em 2003 foi agraciada com a Ordem do Infante D. Henrique.
Sobre o programa
Botequim, da autoria da jornalista Sara de Melo Rocha, é um programa feito por mulheres, sobre mulheres. Aborda vários assuntos sob a perspetiva delas. É um espaço de diálogo e de escuta, para discutir desafios relacionados com a igualdade de género, através de entrevistas, conversas e histórias de mulheres que marcam a diferença. Cada programa vai abordar assuntos relacionados com política, educação, ciência, direitos humanos e o papel da mulher em cada um deles.