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Todos os anos a Transparência Internacional elabora o Índice de Perceção da Corrupção com base no entendimento de cidadãos de 180 países. Os níveis variam de zero (muito corrupto) a 100 (muito transparente).
O índice de 2020 mostra que Portugal desceu três lugares no Índice de Perceção da Corrupção por comparação a 2019. O país fixou-se nos 61 pontos, abaixo dos 66 da média da União Europeia e registou a pontuação mais baixa de sempre desde que o índice começou a ser elaborado. No topo da tabela estão países como a Dinamarca e a Nova Zelândia. No fim da lista estão a Síria, a Somália e o Sudão do Sul.
A corrupção traz custos para Portugal na ordem dos 18,2 mil milhões de euros, corresponde a cerca de 9% do Produto Interno Bruto. Em termos globais, a corrupção custa cerca de 5% do PIB mundial, anualmente.
Ouça aqui o programa "Botequim" na íntegra.
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Apesar de ser um fenómeno global, a corrupção tende a afetar as pessoas de forma diferente. Fatores como o género, o contexto social, aspetos raciais e condições socioeconómicas provocam impactos diferentes.
Vários estudos concluem que a corrupção pode afetar as mulheres de forma mais grave do que os homens e a academia tenta perceber se podemos afirmar que as mulheres são menos corruptas do que os homens.
Nas últimas décadas, a literatura tem mostrado que há uma forte ligação entre a proporção de mulheres eleitas para cargos públicos e níveis mais baixos de corrupção mas alguns especialistas defendem que é uma questão de tempo até as mulheres entrarem no círculo da corrupção.
Para discutir o tema, entender o impacto da mulher na corrupção e expandir horizontes de forma a saber mais sobre este amplo leque de fraudes e desvios que compõe o fenómeno da corrupção, o Botequim conta com a participação de:
Ana Carla Mendes Almeida, magistrada do Departamento Central de Investigação e Ação Penal. Integra o novo Think Tank do Ministério Público sobre Risco de fraude dos fundos europeus. Tem a seu cargo a investigação do caso das golas anti-fumo e investigou uma megafraude relacionada com a obtenção de fundos europeus na Associação Industrial do Minho.
Júlia Gracia, doutoranda na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, especialista em temas relacionados com a prevenção e combate da corrupção, compliance e direito internacional. É também membro fundador do Nova Compliance Lab, que se dedica a investigar corrupção e outros crimes económicos e faz parte do Compliance Women Committee, que junta mais de 500 mulheres que atuam na área do compliance.
Karina Carvalho, diretora executiva da Transparência e Integridade Portugal, onde dedica grande parte do seu tempo a coordenar projetos de advocacy e combate à corrupção. É socióloga, pós-graduada em estudos de globalização e migrações.
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Sobre o programa
Botequim, da autoria da jornalista Sara de Melo Rocha, é um programa feito por mulheres, sobre mulheres. Aborda vários assuntos sob a perspetiva delas. É um espaço de diálogo e de escuta, para discutir desafios relacionados com a igualdade de género, através de entrevistas, conversas e histórias de mulheres que marcam a diferença. Cada programa vai abordar assuntos relacionados com política, educação, ciência, direitos humanos e o papel da mulher em cada um deles.