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A comunidade cigana vive em Portugal há mais de 500 anos. As estimativas apontam para 40 a 60 mil pessoas ciganas a viver no país, de acordo com dados da Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas.
São das comunidades que mais discriminações enfrentam, dificultando-lhes o acesso à educação de qualidade, ao emprego, à saúde e à participação na vida pública.
Na educação, a situação está a melhorar. Há cada vez mais crianças ciganas na escola. No último ano letivo, contavam-se 25 mil pessoas ciganas a frequentar o ensino. Para entender a importância deste número temos de recuar ao ano letivo de 97/98, altura em que apenas seis mil crianças e jovens ciganos frequentavam a escola.
Contudo, o Perfil Escolar das Comunidades Ciganas mostra que quanto mais avançam os níveis de escolaridade, menos estudantes ciganos vemos nas escolas portuguesas.
Ouça o "Botequim" com Maria José Casa-Nova, Maria Gil e Sónia Matos, moderado por Sara de Melo Rocha.
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Quando olhamos para a questão do género, observamos que as raparigas ciganas saem da escola mais cedo que os rapazes.
Os estudos mostram que este abandono escolar precoce está relacionado, muitas vezes, com a vontade da família em protegê-las, com o objetivo da preservação da honra, já que as mulheres são encaradas como guardiãs do bom nome das famílias e da cultura cigana.
O Estudo Nacional das Comunidades Ciganas, realizado em 2014, mostra que os casamentos na comunidade cigana continuam a acontecer cedo, com quase 52% a casar entre os 15 e os 19 anos, com a preservação da virgindade até à hora do casamento a ser muito valorizada.
Ainda assim, as comunidades ciganas são muito heterogéneas, não há um único modo de vida cigano. Algumas comunidades encontram-se cristalizadas, mas outras vivem um processo de mudança.
Há cada vez mais mulheres ciganas a estudar e a frequentar o ensino superior. Também já começam a diversificar as escolhas no mercado de trabalho e o associativismo veio trazer uma voz e uma nova força às mulheres desta comunidade.
Para falar sobre as mulheres ciganas e o papel que têm dentro e fora das comunidades, o Botequim junta à mesa:
Maria José Casa-Nova, investigadora do departamento de Ciências Sociais da Universidade do Minho, coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas e trabalha com população portuguesa cigana desde 1991
Maria Gil, cigana, ativista pelos direitos das mulheres e atriz, com participação em curtas-metragens, teatro do oprimido e teatro comunitário
Sónia Matos, cigana, mediadora sociocultural, fundadora e presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas
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Sobre o programa
Botequim, da autoria da jornalista Sara de Melo Rocha, é um programa feito por mulheres, sobre mulheres. Aborda vários assuntos sob a perspetiva delas. É um espaço de diálogo e de escuta, para discutir desafios relacionados com a igualdade de género, através de entrevistas, conversas e histórias de mulheres que marcam a diferença. Cada programa vai abordar assuntos relacionados com política, educação, ciência, direitos humanos e o papel da mulher em cada um deles.