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Graças a Deus, disse o padre, quando recebeu uma chamada telefónica do advogado. Graças a Deus, para o padre, o tribunal da relação confirmou uma sentença anterior, de primeira instância, e o estado vai mesmo ter de pagar ao padre 19 mil euros.
Durante 14 anos, o padre ficou sem carro. Estava acusado de ser o cérebro de uma rede que, a troco de dinheiro, livrava mancebos da tropa. Entre outras consequências, o carro acabado de comprar foi arrestado e ficou à guarda do Estado. Catorze anos depois, o processo chegou ao fim. O padre e os 63 mancebos que eram arguidos e que acabaram por não ir à tropa foram todos absolvidos.
Um turbo-padre sem carro
No relato que faz ao Jornal de Notícias, o padre até guarda boas recordações do julgamento. Afinal, o juiz e o acusado tinham exatamente o mesmo nome e, graças a Deus, não ficou provado aos olhos do juiz que o seu homónimo sacerdote tivesse cometido qualquer crime, muito menos a troco de dinheiro que, segundo a acusação, tinha sido usado para comprar o carro.
Durante quase uma década e meia, o padre andou à boleia de amigos, fazendo o percurso entre as três freguesias onde é pároco. A maior parte das vezes, no entanto, o padre, que também tem um restaurante, utilizava o carro da empresa para os seus deveres sacerdotais ou pedia ao irmão para o conduzir pelos caminhos certos.
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Paroquiano em três paróquias e dono de um restaurante, o padre, graças a Deus, vai usar os 19 mil euros que tem a receber do Estado para financiar a reconstrução de um antigo moinho, que pertencia ao pai.
O que deixa entender que, apesar dos 19 mil euros a quem tem direito, vai continuar a andar à boleia de amigos e paroquianos, a usar o carro da empresa ou a pedir favores ao irmão, nas viagens entre as três paróquias, o restaurante e as obras no moinho.
Se Deus quiser.