Números Redondos

João Nuno Coelho e João Ricardo Pateiro trazem-nos, todas as sextas-feiras, os números, tendências, marcas, nomes e perspetivas para o fim de semana de futebol.
Emissões entre março e junho de 2019 com João Nuno Coelho e Teófilo Fernando. Emissões entre março e junho de 2019 com João Nuno Coelho e Teófilo Fernando. Emissões entre setembro de 2018 e fevereiro de 2019 com João Nuno Coelho e Nuno Miguel Martins. Emissões entre setembro de 2014 e julho de 2018 com João Nuno Coelho.

À sexta-feira, às 17h35.

Uma viragem de campeonato em grande

Na última jornada da primeira volta as quatro equipas do topo do ranking da liga nesta década jogam entre si, com destaque para o Dérbi Eterno, muito importante na luta pelo título mas também cheio de outros motivos de interesse.

O peculiar campeonato português não para de surpreender: agora temos um duplo confronto de excelência, Porto-Braga e Sporting-Benfica, a uma sexta-feira à noite, com início logo às 19 horas.

Defrontam-se as quatro equipas que quase sempre têm ficado nos quatro primeiros lugares da liga nesta última década. Em 10 campeonatos, somente se registaram três exceções: uma vez o Sporting ficou em 7.º (2012/13), enquanto o Braga foi uma vez 9.º (2013/14) e outra 5.º (2016/17). Em 97% dos casos, a regra dos quatro melhores cumpriu-se, sendo que nos últimos 10 anos apenas estas equipas estiveram em disputas pelo título até ao fim, embora Braga (2009/10) e Sporting (2015/16) apenas em uma ocasião cada um.

Nesse sentido, os Braga tem sido uma espécie de 4.º grande da década de 2010, e por exemplo na temporada passada além de ficarem nos quatro primeiros lugares do campeonato Benfica, Porto, Sporting e Braga jogaram entre si as meias-finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal.

Estes quatro clubes são igualmente os únicos que conquistaram mais do que uma competição na referida década.

Porto - Braga (sexta, 19h00)

A grande expetativa é saber que Braga aparecerá no Dragão: o visitante irreverente e letal da Liga Europa, com um pleno de vitórias fora na qualificação e na fase de grupos dessa competição (incluindo em terrenos complicados como os de Spartak de Moscovo, Besiktas ou Wolverampton) ou o tímido forasteiro que perdeu já quatro vezes nessa condição na liga interna (nas Aves, em Setúbal, no Bessa e em Alvalade).

É um fato que com o novo treinador - Rúben Amorim - ganhou na única deslocação e logo por 7-1, no Jamor, frente ao Belenenses SAD, mas não se pode estabelecer uma tendência com base num único jogo. Certo é que, com Amorim, o Braga continuou e até acelerou uma recuperação significativa na classificação, e depois de passar muito tempo a meio da tabela já chegou ao 5.º lugar, embora ainda a cinco pontos do 4.º (Sporting) e a seis do 3º (Famalicão).

No Porto, os Guerreiros do Minho vão visitar a maior fortaleza da liga até ao momento: os portistas venceram os sete encontros que disputaram, marcando 18 golos e sofrendo...0. O pleno portista em casa estende-se às outras competições internas, nas quais apenas na passada terça-feira sofreu o primeiro golo no Dragão, perante o Varzim, nos quartos-de-final da Taça de Portugal.

Será interessante perceber que tipo de jogo teremos esta sexta-feira, uma vez que se defrontam a equipa com mais remates efetuados no campeonato, o Braga (média de 16.8 por jogo) e o conjunto que menos remates permite, o Porto (média de 7.3 por encontro). Curiosamente, os minhotos são também a equipa com mais remates dentro da área (9.4), o que não é habitual num 5.º classificado, mas que demonstra a sua apetência e capacidade ofensiva.

Veremos igualmente se os bracarenses conseguirão disfarçar um dos seus principais pontos fracos até ao momento: a defesa das bolas paradas, até porque o Porto vive muito dos golos apontados em lances deste tipo: sem contar penáltis já marcou 13 vezes na sequência de cantos (nove) e livres (quatro), num total de 34 golos apontados. Já o Braga é um dos piores a aproveitar as bolas paradas, com apenas um golo na sequência destas jogadas.

Dado também interessante: Porto e Braga são os conjuntos com mais posse de bola média no campeonato: 59% e 57.2%, respetivamente.

Em termos individuais, além da expetativa de perceber se Soares prosseguirá a sua saga de jogos consecutivos como titular sempre a marcar (7 jogos - 9 golos), este poderá ser um jogo com enorme preponderância dos defesas laterais das duas equipas. No Porto, Corona (sete) e Alex Telles (cinco) são os dois jogadores com mais assistências, sendo que se contarmos os golos marcados (cinco por Alex Telles e um por Corona), a dupla tive influência direta em mais de metade dos tentos portistas na liga (18 em 34).

No Braga, Ricardo Esgaio já realizou cinco assistências, enquanto Nuno Sequeira só fez um, mas em compensação é o segundo melhor da liga em termos de passes-chave - aqueles que provocam situações de concretização, com uma média de 2.6 por partida, logo depois de Bruno Fernandes (3.6).

Finalmente, a história. Neste particular, a vantagem é fortemente portista, uma vez que nos últimos 10 confrontos no Dragão para o campeonato o Porto ganhou nove e empatou apenas um, tendo vencido nas três derradeiras visitas bracarenses (embora por 1-0 em duas delas).

PROBABILIDADES NR: Porto 65% / Empate 20% / Braga 15%

Sporting - Benfica (sexta, 21.15)

De uma coisa poucos duvidarão: este jogo pode ser fundamental nas contas da luta pelo título. Se o Porto cumprir a sua obrigação, vencendo antes o Braga, uma eventual perda de pontos do Benfica em Alvalade colocará os encarnados à mercê dos portistas na classificação, quando ficarão a faltar apenas 3 jornadas para o Porto-Benfica.

No caso contrário, se a águia passar em Alvalade, manterá os quatro pontos de avanço (ou até poderá aumentar a vantagem se o Porto não vencer o Braga) e provavelmente irá ao Dragão com mais tranquilidade, sabendo ainda que após essa visita terá já cumprido as deslocações historicamente mais difíceis (Dragão, Alvalade, Braga, Guimarães, Bessa).

Um ponto importante a favor dos encarnados na curta viagem ao recinto dos leões é a história recente: não perde aí desde 2012, há sete jogos, somando três vitórias e quatro empates. É o melhor registo de sempre, superando o de 1970-1976, com seis jogos invicto.

O Sporting-Benfica é mesmo, muito significativamente, o único confronto entre os 3 grandes no campeonato em que a equipa da casa não tem uma vantagem clara, sendo que se regista mesmo um empate total (32 vitórias para cada lado e 21 empates).

O favoritismo encarnado estende-se ainda ao desempenho na presente liga, naturalmente, desde logo tendo em conta os 16 pontos que separam as duas equipas, a que se acrescenta o fato do Benfica com Bruno Lage (desde Janeiro de 2019) ter vencido todos os encontros fora de casa para o campeonato. Aliás, e este é outros dos atrativos extra desta partida, se o Benfica conquistar os 3 pontos em Alvalade, Lage passa a deter o recorde de triunfos consecutivos na condição de visitante no campeonato nacional em toda a história das águias: 17.

Já o Sporting tem perdido muitos pontos na situação de visitado, um total de 9, incluindo a derrota na última partida em casa, perante o outro candidato ao título (o Porto).

A seu favor os leões poderão a vontade natural de Bruno Fernandes, o melhor jogador do Sporting nas duas últimas temporadas, querer despedir-se em beleza de Alvalade, provavelmente a caminho da liga inglesa. Os números de Fernandes nestas duas épocas em questão são assombrosos: no campeonato, 28 golos marcados e 20 assistências em 48 jogos (com participação decisiva em 48 dos 1000 golos do Sporting na prova neste período). Apesar disso, só muito recentemente Bruno Fernandes começou a marcar ao Benfica: num total de sete jogos apontou três golos, um em cada um dos três encontros entre as duas equipas do final da época passada.

Do lado do Benfica, o grande candidato a homem do jogo só pode ser Pizzi, que acumula nesta altura o estatuto de melhor marcador e melhor assistente da Liga (algo raríssimo), com 12 golos e oito assistências. No entanto, Pizzi não é um especialista a marcar ao Sporting (quatro golos em 17 jogos), embora tenha assinado dois golos na última partida entre os dois rivais (na Supertaça de Agosto passado).

Uma das dúvidas para o jogo desta sexta em Alvalade poderá passar pela utilização de Carlos Vinicius ou Seferovic na frente de ataque do Benfica. O suíço impressionou com os dois golos marcados na partida dos quartos de final da Taça de Portugal, que valeram o triunfo sobre o Rio Ave, mas a verdade é que eficácia goleadora de Vinicius tem sido muito superior. O brasileiro tem 10 golos no campeonato, marcados em muito menos minutos de utilização do que os dois de Seferoivcic: Vinicius marca à cadência de um golo a cada 61 minutos enquanto o colega de equipa precisa em média de 481 minutos na liga para fazer um tento.

PROBABILIDADES NR: Sporting 37% / Empate 29% / Benfica 44%

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