O Bichinho da Rádio

Saúde, comportamento e direito animal, Gente, bichos e a nossa vida em comum.
Para ouvir à segunda-feira, depois das 18h30. Com Dora Pires.

Sabia que peixes felizes são mais saborosos?

Seja num aquário, em explorações de aquacultura ou em mar aberto, os peixes sofrem quando são mal tratados. João Saraiva é um dos investigadores num projeto internacional que pretende conhecer melhor a relação entre os peixes do mar e a pesca e melhorar essa parceria. Porque os peixes sofrem, têm memória e até podem reconhecer-nos.

A tradicional imagem do peixinho dourado no aquário, a andar às voltas como se não houvesse outro fim na vida, não abona a favor do peixinho, mas João Saraiva garante que também esses sentem e não só. "O peixinho dourado é mesmo usado como modelo experimental na investigação da memória, da memória espacial, de comportamentos avançados ou de comunicação".

"O que eu fazia no início da minha carreira era isso: olhava para os peixes!" Foi de tanto observar e investigar que este biólogo do Centro de Ciências do Mar, no Algarve, conseguiu provar que os peixes não só sentem, como sofrem e até têm memória.

"Têm memória, pois. Aliás reconheciam-me. Depois de uma temporada a fazer mergulho e a observar peixes, as mesmas espécies, os mesmos indivíduos, percebi perfeitamente que os peixes me reconheciam".

João Saraiva já aplicou o conhecimento teórico em explorações de aquacultura, em projetos financiados até pela União Europeia. "E os resultados foram surpreendentes", a indústria percebeu que o bem-estar dos peixes se refletia na qualidade e que "os peixes que têm uma vida feliz são mais saudáveis, mais resistentes", mais saborosos, afinal.

O grande desafio é transpor este conhecimento e esta experiência para o mar e para a pesca. É esse o objetivo do projeto Carefish/Catch, desenvolver melhores padrões de pesca, que salvaguardem o bem-estar dos pescados. "Não será fácil", admite o biólogo, "será preciso, por exemplo, estudar como é que as diferentes espécies se relacionam com as artes de pesca, porque uma sardinha é muito diferente de um linguado", embora muitos de nós só percebam as diferenças no prato.

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