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A tradicional imagem do peixinho dourado no aquário, a andar às voltas como se não houvesse outro fim na vida, não abona a favor do peixinho, mas João Saraiva garante que também esses sentem e não só. "O peixinho dourado é mesmo usado como modelo experimental na investigação da memória, da memória espacial, de comportamentos avançados ou de comunicação".
"O que eu fazia no início da minha carreira era isso: olhava para os peixes!" Foi de tanto observar e investigar que este biólogo do Centro de Ciências do Mar, no Algarve, conseguiu provar que os peixes não só sentem, como sofrem e até têm memória.
"Têm memória, pois. Aliás reconheciam-me. Depois de uma temporada a fazer mergulho e a observar peixes, as mesmas espécies, os mesmos indivíduos, percebi perfeitamente que os peixes me reconheciam".
Ouça aqui na íntegra o programa "O Bichinho da Rádio"
João Saraiva já aplicou o conhecimento teórico em explorações de aquacultura, em projetos financiados até pela União Europeia. "E os resultados foram surpreendentes", a indústria percebeu que o bem-estar dos peixes se refletia na qualidade e que "os peixes que têm uma vida feliz são mais saudáveis, mais resistentes", mais saborosos, afinal.
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O grande desafio é transpor este conhecimento e esta experiência para o mar e para a pesca. É esse o objetivo do projeto Carefish/Catch, desenvolver melhores padrões de pesca, que salvaguardem o bem-estar dos pescados. "Não será fácil", admite o biólogo, "será preciso, por exemplo, estudar como é que as diferentes espécies se relacionam com as artes de pesca, porque uma sardinha é muito diferente de um linguado", embora muitos de nós só percebam as diferenças no prato.