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Álvaro Costa de Matos foi durante largos anos director da Hemeroteca Municipal de Lisboa A sua vida tem-se repartido entre a actividade docente e a investigação. Deu aulas de História Económica e de História do Pensamento Económico nunca abdicando da investigação sobre a História do Jornalismo ou a História da Censura. Fui encontrá-lo no Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras, um magnífico espaço de difusão cultural no antigo matadouro da cidade. Tudo pode acontecer neste Centro de Artes, para lá do espaço museológico e das exposições temporárias: ateliers de expressão dramática e musical, tertúlias, teatro de sombras, ciclos de cinema como aquele que, em parceria com Serralves, decorre até ao dia 26 de novembro sob o mote da desobediência civil e do cinema de insurreição. Ora a magnífica exposição temporária "A Mascarada Política", dedicada ao carnaval na obra de Rafael Bordalo Pinheiro (e que ali permanece de terça a domingo, até 5 de fevereiro) tem justamente curadoria de Álvaro Costa de Matos.
Indo de Lisboa pela A8, tomamos a segunda saída para Torres Vedras pela nacional 9, por duas vezes transpomos o Sizandro, numa das primeiras rotundas deixamos ao nosso lado esquerdo o Parque do Choupal e a pequena ermida de Nossa Senhora, um pouco mais adiante, do lado direito, junto ao parque verde da vala dos Amiais encontramos facilmente estacionamento. Estamos diante do centro de artes e não há como não ser atraídos pela grande bisnaga amarela sobre a qual se espreguiça um espantado Zé Povinho. A recriação de uma caricatura de Bordalo sobre o carnaval de Lisboa chama-nos para a exposição da qual o historiador Álvaro Costa de Matos assume a curadoria. O traço de Bordalo chama-nos afinal, quase sempre, para um grande carnaval (o da mascarada política) mas também para o carnaval concreto em que o grande criador mergulhou de alma e coração, Em Lisboa, no Porto e também no Rio.
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