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Converso com o historiador Francisco Lopes, no alto terraço povoado de pequenas oliveiras alinhadas, nas traseiras do antigo convento de São Domingos em Abrantes que acolhe, desde finais de 2021, depois da formidável requalificação assinada pelo arquitecto Carrilho da Graça, o Museu Ibérico de Arqueologia e Artes. Um delicado claustro une este edifício a um outro que dá guarida à biblioteca municipal António Botto, a cuja criação o meu anfitrião esteve intensamente ligado e que dirigiu durante 33 anos. Homem das bibliotecas e das ciências documentais, Francisco Lopes é actualmente assessor do vereador para a cultura e património da câmara de Abrantes e por aqui continua a partilhar múltiplos saberes enquanto mantém viva uma verdadeira paixão pelas árvores mais singulares deste território, a começar pela célebre oliveira do Mouchão, que se acredita ser a mais antiga da península ibérica e que é objecto de uma exposição no corredor de entrada da biblioteca. A exposição, com ilustrações de Paulo Alves, resulta de um livro que ambos assinaram e fica à espera de visitantes até dia 1 de abril. Na varanda sobre a imensa várzea pressentimos recortes de Espanha, para lá de Gavião e de Ponte de Sor.. Nestes vastos campos se abraçam Ribatejo e Alentejo e se nos debruçássemos um pouco mais poderíamos ver uma nesga do Pego, onde Francisco nasceu e onde mantém quartel-general.
Ouça aqui o programa "Onde nos levam os caminhos" na íntegra