O escritor Manuel Jorge Marmelo (Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco com "O Silêncio de um Homem Só" e Prémio Literário Casino da Póvoa com "Uma Mentira Mil Vezes Repetida") acaba de chegar de uma residência artística internacional à beira de um lago na Baviera. Viu corvos nas margens e neve caindo do alto. Traz terminado o novo romance ainda sem data de lançamento e esta não será a sua "última curva no caminho".
A urgência da conversa aconselha a que viremos do avesso este pernil desafiando o nosso apetite na mesa do canto do Zé Bota, na Travessa do Carmo, a dois passos da igreja cuja fachada rococó foi projectada por um tal José Figueiredo Seixas que trabalhou com Nasoni nos Clérigos. Estamos tão perto da Casa Escondida, a mais estreita da cidade do Porto. Mas está frio na rua.
O pernil, não é que fuja da travessa, reclama atenção. Viremo-lo do avesso sem pressas, mas sem demora. Não se está nada mal com o tumulto de vozes que chega das mesas em redor. Ele embala a conversa com o autor de "Tropel" e de "A última curva do caminho".