- Comentar
1.
As grandes crises na História trouxeram sempre medo, ódio e morte. Mas também esperança, coragem e combate por uma ideia de futuro.
Para muitos historiadores, politólogos ou filósofos vivemos uma época de decadência, há sinais que colam determinados acontecimentos e protagonistas a acontecimentos e protagonistas de outros tempos históricos.
E existem também fortíssimos indícios de que devemos continuar a ter esperança no futuro, de que há muitos jovens (nunca gostei da palavra) que estão na vanguarda do que se pensa e faz.
A juventude não é juventude se não viveres como se fosses morrer amanhã
2.
Miúdos com menos de 30 anos. Muitos deles com menos de 20 anos. Gente que tem mais coragem do que os seus pais tiveram. Gente que tem o fogo de viver uma altura em que mais coisas acontecem em menos tempo, sem medo de perder o que tem porque sabe que se não agir perderá tudo.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Por isso, também por isso, tenho defendido a sueca Greta Thunberg. Sem ela o mundo estaria muito pior, estaria certamente menos alerta para uma tragédia que se avizinha.
Por isso, também por isso, gosto de Malala e da sua luta pelos direitos das mulheres no Paquistão.
Por isso, também por isso, aplaudi Amika George que organizou uma manifestação de milhares de pessoas em Londres a favor da dignificação de mulheres que, pura e simplesmente, por estranho que nos pareça, não podiam pagar os seus pensos higiénicos.
3.
Somam-se mesmo os indícios. E temos de os deixar ir. Temos de os deixar tomar as rédeas da indignação, mas também da inovação. Deixar de lamentar que os nossos filhos já não joguem à bola na rua ou estejam sempre vidrados no telemóvel.
Porque o que vejo é uma nova ordem que começa a ser construída com gente cheia de sede de futuro. Cheia de sede de vida. Com urgência de inventar o seu próprio mundo e não o mundo que herdaram.
Serão excessivos?
Claro que são excessivos. Devem sê-lo. Se não o forem serão apenas miúdos a imitar os seus pais, novos que parecem velhos antes de o serem. Como aliás alguns candidatos que vejo em listas partidárias que parecem ter uns 150 anos. Ridículos porque uma cópia do que nos fez chegar até aqui.
4.
Acredito muito que a revolução está a caminho. Uma revolução de mentalidades em que a vanguarda será ocupada por gente mais preparada do que nós. Espero que os meus filhos possam acompanhar esta fome de amanhã. E espero que o façam com paixão, doa a quem doer.
Como tu que me estás a ouvir ou a ler.
Vai em frente, sem medo das ideias, sem medo do medo, sem receio de que estás a construir um caminho que um dia será o dos teus filhos e dos filhos dos teus filhos. Não gastes a energia com gritos de praxes, gasta-a na construção de um mundo novo.
5.
E como escrevi há uns anos:
"A juventude não é juventude se não vivermos como se fossemos morrer amanhã. Não é juventude se não encontrarmos o nosso próprio destino, se não afrontarmos os que acham ser donos do caminho. Não é juventude se não arriscarmos, se não abrirmos a janela e respirarmos fundo de tanto acreditar que é possível o que quisermos que seja possível. Não é juventude se não começarmos a tratar por tu o silêncio e a solidão e se não tivermos medo de falhar. Se não nos apaixonarmos, se não chorarmos de raiva, angústia, se não gritarmos. A vida é a vida. A juventude não é juventude se a tratarmos como se fosse uma série de 30 ou 50 minutos com intervalos. Na vida os episódios não duram esse tempo, a juventude não é juventude se cada minuto não for vivido com intensidade, dure o que durar. E sem intervalos publicitários. A juventude não é juventude se tivermos a televisão ligada".