Postal do Dia

Já ninguém escreve postais, mas a TSF insiste e manda bilhetes postais com destinatário. Em poucas palavras mas com ideias que fazem pensar: "Postal do Dia", com Luís Osório. De segunda a sexta-feira, depois das 18h00 e sempre em tsf.pt.

Aposto metade do que tenho que Vasco Palmeirim não nos está a dizer tudo

1.

Nunca escrevi sobre ele.

Mas ele continua a crescer, continua a afirmar-se na rádio e na televisão, continua a ser um profissional que se distingue por duas ou três características que o tornam único e já uma referência.

Não tenho qualquer relação com Vasco Palmeirim.

Nunca conversei com ele e só nos cruzámos quando trabalhávamos no mesmo edifício da Rua Sampaio e Pina onde fica a Rádio Comercial.

Lembro-me de termos falado à porta de um elevador sobre coisa nenhuma. Foi a primeira e a última vez.

2.

Ele não era um miúdo, mas parecia um miúdo.

Julgo que já trabalhava nas manhãs da Comercial, não tenho a certeza absoluta.

Depois desse encontro - já lá vão quase vinte anos - vi-o a somar experiência e vitórias, a ganhar protagonismo, a tornar-se uma estrela.

Com uma capacidade enorme de se transfigurar e ser camaleónico, Vasco conseguiu subir vários patamares e fê-lo rapidamente.

Foi aposta para liderar programas em prime-time, tornou-se uma figura nacional com o The Voice onde conseguiu um formidável equilíbrio entre a necessidade de se impor e o respeito pelo estatuto de Catarina Furtado.

Foi ocupando espaço e a certa altura o espaço já era seu por mérito e com o respeito da sua mentora.

3.

Ganhou certamente dinheiro, posição e estatuto.

Começou a recusar mais convites do que aqueles que aceitava. Compôs música, cantou, apresentou galas e programas, fez participações como ator, dançou, entrevistou.

Mas Vasco Palmeirim nunca se desviou um milímetro da sua ética de trabalho feita de esforço e sacrifício físico.

Todos os dias acorda de madrugada e vai para a Rádio Comercial.

Podia ter-se deslumbrado com a televisão e a facilidade com que as coisas lhe começaram a acontecer, teria sido legítimo que sacrificasse o programa da manhã para poder descansar mais ou para ficar de mãos livres.

Não o fez e isso diz dele.

Da sua resistência e da sua lealdade para com Pedro Ribeiro e a Rádio Comercial que o catapultou.

4.

Depois, não menos importante, percebemos que é um homem que gere de forma inteligente a sua exposição.

Não sabemos de muito da sua vida.

Diz o que quer dizer em cada momento.

Tem opiniões, é culto e inteligente, mas não sente necessidade de o expor. E isso é muito raro entre estrelas para quem vida pública e privada são quase a mesma coisa.

5.

Vasco Palmeirim é filho de artistas.

A mãe foi bailarina e o pai é maestro.

Não sabemos mais do que isto.

E sobre o seu casamento e os seus dois pequenos filhos sabemos o pouco que nos diz no timing que deseja.

Oferece ao templo mediático o estritamente necessário para que o deixem em paz.

E trabalha.

Trabalha muito.

Como se fosse uma formiguinha acumula experiência e um dia, estou certo, irá surpreender-nos com alguma coisa que nós não imaginamos.

Aposto metade do que tenho que Vasco Palmeirim ambiciona o que nunca foi feito. Alguém como ele...

...inteligente

detalhista

racional

E silencioso...

... nunca conseguiria viver sem ter dentro da sua cabeça um mundo paralelo onde outras coisas acontecem antes de acontecer.

Um dia assistiremos.

E dar-me-ás razão.

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