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Cá estamos na manhã seguinte, cruzando manchetes.
A do DN ("Marcelo vence") com a do Negócios ("Marcelo convence").
O Público enfatiza o "reforço de poder" de Marcelo, "em noite de tempestade política" e, na proximidade que a distância, por vezes, permite, o espanhol El País (que retrata o vencedor das eleições de ontem como " o conservador português mais de esquerda") releva o facto de Portugal ter elegido Rebelo de Sousa como presidente "no pior dia da pandemia".
O esforço dos eleitores num dia assim contentou o homem a quem, como prudentemente lembrou, não foi passado "um cheque em branco".
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Os recados de Marcelo quanto à necessidade de revisão das leis eleitorais são um sinal de que este não será um segundo mandato assintomático.
Marcelo firmou, nas palavras de ontem, um outro compromisso: não será o "presidente dos bons contra os maus". O que já não é mau.
Nada disto impediu que tenhamos passado a noite diante dos televisores à espera de vermos passar um tipo com um javali pela trela.
Mais ou menos vacinados, mais ou menos avisados, fomos acomodando a tese de Mark Twain sobre a diferença entre a verdade e a ficção: a ficção faz mais sentido.
Por isso, acalentemos a esperança de que, terminada a noite da tempestade política, o homem que preparou três discursos não tenha rasgado os outros dois. Mesmo sendo conhecida a sua intenção de não escrever memórias, Marcelo deveria dar a conhecer o conteúdo de tais peças oratórias. Nelas encontraríamos, ninguém o duvide, formidáveis ensinamentos políticos.
Ouça a crónica "Sinais", de Fernando Alves, na íntegra.