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Depois da NBA, as duas mais poderosas instituições norte-americanas de golfe viram as costas a Donald Trump, retirando os grandes torneios dos campos de que ele é proprietário. Um torneio previsto para 2022 num campo de golfe de Trump em New Jersey foi já anulado.
Talvez nem assim Donald Trump perceba que aquilo do Capitólio foi um air shot.
Desta vez, foi usado um driver que lhe atinge o bolso: o golfe move milhares de milhões de dólares nos Estados Unidos, devido aos direitos televisivos e, como observa o jornal El Pais, "o cancelamento de um dos grandes torneios da temporada num recinto de sua propriedade não é um conflito solucionável a golpes de tuít".
O director geral da Associação de Golfistas Profissionais dos Estados Unidos explicou que jogar o torneio num campo de Trump poderia pôr em perigo os objectivos visados com a sua organização.
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O desacreditado proprietário de 17 campos de golf vai, entretanto, esta terça-feira, para longe dos 18 buracos. As televisões hão-de mostrá-lo em Álamo, no Texas, visitando o muro, num estranho out of bounds que a correspondente do El Pais define como "gesto agónico", espécie de canto do cisne de uma presidência infame.
Gerald Ford, um seu antecessor na Casa Branca, ele também praticante de golfe, explicou certa vez a razão pela qual os grandes profissionais deste desporto aconselham os menos dotados a manterem os olhos no green: desse modo, não vêem os mestres rindo-se do seu swing.
Um dos grandes golfistas norte-americanos explicava assim a grande popularidade do golfe: "É a melhor coisa do mundo em que se pode ser mau."
O golfista que nunca conseguirá um albatroz em cidadania encena hoje em Álamo uma das suas últimas provocações, ao assinar mais uma empreitada de 640 quilómetros de muro. Talvez lhe saia o ferro pela culatra. Parece uma tacada condenada a back spin.
Ouça a crónica "Sinais", de Fernando Alves, na íntegra.