Sinais

"Sinais" nas manhãs da TSF, com a marca de água de sempre: anotação pessoalíssima do andar dos dias, dos paradoxos, das mais perturbadoras singularidades. Todas as manhãs, num minuto, Fernando Alves continua um combate corpo a corpo com as imagens, as palavras, as ideias, os rumores que dão vento à atualidade.
De segunda a sexta, às 08h55, com repetição às 14h10.

Uma entrevista

Maria Emília Brederode Santos, uma das mais respeitadas especialistas em Educação em Portugal, presidente do Conselho Nacional de Educação até ao verão passado, partilha hoje, numa importante entrevista ao suplemento de fim de semana do Jornal de Negócios, os seus receios de que "a educação crie uma nova clivagem social". A entrevista, realizada poucos dias depois de a pedagoga ter recebido o doutoramento honoris causa no Ispa, não passa ao lado da actual turbulência nas escolas. Maria Emília Brederode Santos alerta para algumas das consequências do clima instalado: as famílias mais vulneráveis serão ainda mais afectadas e o sector privado agradece.

É-lhe perguntado se percebe que o momento escolhido para o protesto tenha sido este, responde que percebe e que receia o que essa percepção deixa supor ( e eu espero ter transmitido o sentido exacto da pergunta e da resposta, neste esforço para evitar a palavra "timing", que não aprecio e que surge nessa passagem da entrevista). Na verdade, o receio da pedagoga quanto ao contexto e às motivações não explicitadas das actuais movimentações é suficientemente preocupante para quem pretenda ler mais do que a espuma das notícias.

A entrevista é importante, nela Maria Emília Brederode Santos coloca o dedo em várias feridas, nas tentações competitivas que prejudicam aprendizagens, na necessidade de reforço do que designa por pedagogia activa. Admite que hoje é mais difícil ser professor do que há quarenta anos. E quando lhe perguntam sobre se a instabilidade causada aos alunos e às famílias está a dar trunfos ao ensino privado, responde: "Com certeza que sim. E não só ao sector privado. Há forças na sociedade que considero perigosas, que obviamente beneficiam com isso". "Que tipo de forças?", pergunta a jornalista. E Maria Emília Brederode Santos: "Prefiro não dizer".

É sintomático que alguém para quem a política "é uma segunda pele" prefira não dizer de que forças se trata.

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