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Durante 21 semanas, o Terra a Terra, no âmbito da Lisboa, Capital Verde Europeia, percorreu o país de Norte a Sul, de Este a Oeste, para mostrar o que fazemos de melhor em termos de preservação e conservação do ambiente ou da biodiversidade. À procura daquilo em que somos melhores e ímpares: quer em termos ambientais, quer em termos sociais e culturais.
Durante 21 semanas falámos no montado, nas paisagens protegidas, nas paisagens criadas pelo homem, ou aquelas que já existiam antes do homem, mas também olhámos as estrelas, debatemos a reabertura da linha de comboio do Pocinho até Barca d"Alva e não quisemos perder o comboio do futuro e ajudámos a pensar a estrutura verde da área metropolitana de Lisboa, as relações raianas do lado de cá e de lá da fronteira. Andámos também ao som do uivo do lobo em Paredes de Coura, pela mesma altura em que procurávamos identificar aqueles que podem ter sido os primeiros jardins de Portugal.
Ouça aqui o programa na íntegra
21 semanas em que passámos por todas as regiões do país, de Trás os Montes ao Algarve. Fazemos um balanço desta temporada de Terra a Terra, no âmbito da Lisboa, Capital Verde, com José Sá Fernandes, vereador do ambiente da Câmara de Lisboa. "Foi uma volta extraordinária, porque viajámos desde antes da pré-história até aos dias de hoje, por um território pequeno, mas diferente: paisagens, histórias e pessoas. Como é que é possível que num país tão pequeno tenhamos tantas paisagens diferentes e tanta biodiversidade?", questiona de forma retórica.
A autarquia de Lisboa quis, sendo a capital, mostrar o que "tão bom existe no resto do país", mas José Sá Fernandes congratula-se também com os resultados de algumas das temáticas debatidas em antena. Como exemplo, o vereador destaca o debate da possível reabertura da linha de comboio, entre Pocinho e Barca D"Alva. "Conseguimos, através do programa que fizemos, que se prometesse a reabertura da linha do Pocinho a Barca d"Alva", garante. Outra novidade, prende-se com a apresentação em primeira mão, na TSF, do plano que investigadores do ISA - Instituto Superior de Agronomia estão a criar, com outras entidades da área, para reconverter o território afetado pelos grandes incêndios de 2017. "O programa que apresentámos para o ordenamento do território na zona afetada pelos incêndios florestais também vai avançar", adianta.
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Na génese desta temporada de Terra a Terra, no âmbito da Lisboa, Capital Verde, estava a ideia de aproveitar a distinção que Lisboa recebeu em 2020 para, a partir de Lisboa, mostrar o país.
Sá Fernandes, de saída, revela as marcas que deixa na cidade de Lisboa
O vereador Sá Fernandes deixará a Câmara de Lisboa nas próximas eleições autárquicas, depois de 14 anos à frente da pasta do ambiente. Embora sublinhe que não se trate do trabalho de um só indivíduo, considera que "há coisas que as pessoas reparam logo", como os corredores verdes, o incremento do número de árvores e de sombras que a cidade ganhou. "Não havia bicicletas na cidade e os jardins antigos estavam mal tratados. Veja o exemplo do Campo Grande", refere. No áudio do programa, o vereador indica outros projetos que ficam cunhados pela sua marca de gestão do pelouro do ambiente.
Sobre o que ficou por fazer, Sá Fernandes sublinha a retirada do aeroporto do interior da cidade e a ligação fluvial a Trafaria, complementada com um elétrico de ligação às praias da Costa de Caparica, pois "ambientalmente era muito bom, para não termos aqueles carros todos, porque choca irmos para a praia e termos aquelas filas enormes para lá e para cá".
Dentro da cidade, o vereador tem "mágoa" de não ter completado os dois corredores verdes que faltam: do Vale de Santo António e do futuro Parque Urbano de Carnide. "Mas estão adiantados", acrescenta.
Este ano, José Sá Fernandes venceu o prémio Gonçalo Ribeiro Teles, partilhado com a arquiteta paisagista e professora universitária Aurora Carapinha. Um prémio para distinguir personalidades na defesa do ambiente e da paisagem, que o deixou "eufórico". Receber este prémio é uma "vaidade" que tenta conter e partilhar com a equipa que tornou tudo possível.
Quanto ao futuro, não abre o livro, mas deixa antever que está previsto um projeto "de uma coisa concreta e que unisse", afastando-se de Lisboa, para que possa ter outro olhar e "perceber do lado de fora" o trabalho que realizou.