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Ao longo dos tempos, a regueifa afirmou-se um ícone da panificação de Valongo, repartindo esse protagonismo com os biscoitos de fabrico ancestral.
Outrora, as valongueiras desciam à cidade do Porto para vender tão apreciado pão em locais estratégicos da Invicta e nas estações ferroviárias, nomeadamente em Valongo.
Para alcançar a cidade vizinha da capital nortenha a autoestrada também é hoje um acesso rápido.
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Nas imediações das portagens da A4, é fácil encontrar A Regional Valonguense, restaurante tradicional com pergaminhos: detém alvará desde 1985, pese embora ter aberto portas anteriormente.
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Na viragem do século, precisamente no ano 2000, Ismael Lourenço, após década e meia no papel de funcionário, tomou em mãos os destinos da casa localizada na rua D. Pedro IV, muito perto do campo de futebol.
O restaurante divide-se por duas salas no rés-do-chão, com lambris em azulejo e lotação na ordem da centena e meia de lugares; o andar superior é reservado a grupos ou eventos; a esplanada garante mais quatro dezenas de comensais nos dias ensolarados e menos frios.
Ambiente despretensioso; mesas com toalhas em tecido cobertas com papel; copos adequados neste restaurante com vinhos de marcas próprias - Bubêla e Leonês - e pratos tradicionais idealizados pelo chefe Jorge Lourenço para harmonias perfeitas.
Para entreter o palato, pataniscas e presunto transmontano de produção própria, com dois anos de cura e de excelente qualidade. O Alvarinho Bubêla casou na perfeição com este prometedor introito.
O passo seguinte revelou-se particularmente gostoso, tão elevada a qualidade do polvo à lagareiro; tenro e bem, cozinhado, acompanhado com batata muito saborosa e legumes. Tudo regado com azeite "Olival da Carolina", um virgem extra de produção própria.
A acompanhar, um branco do Douro - Bubêla, bem estruturado.
A escolha do prato de carne recaiu na emblemática posta à Regional, autêntico "ex-líbris" da casa, e na "lengalenga de aromas". Comum a ambas, a carme mirandesa certificada; a diferença principal está no tempero, mais tradicional no caso da posta, com azeite e alho; à base de pétalas de rosas e estragão na outra versão, também acompanhada com camarão frito descascado e batata frita em finas rodelas.
A qualidade da carne, servida em fatias; o bom trabalho na grelha; uma tira de bacon, proveniente de um produtor transmontano de fumeiro, e o molho à base de excelente azeite ajudam a explicar o sucesso da posta à Regional.
Um verdadeiro hino aos sabores, harmonizado com Bubêla Reserva 2017, um tinto do Douro.
Na carta, figuram outros pratos emblemáticos em dias certos da semana:
Domingo é dia de cozido à portuguesa, também servido à 6.ª feira; cabrito assado com arroz de forno e tripas à moda do Porto; ao sábado, há feijoada à transmontana e cabrito assado
Todos os dias, são opções o peixe fresco - grelhado, ao sal ou assado no forno --; polvo; lulas com cerca de 1 quilo para grelhar; os pratos de bacalhau - à Zé do Pipo; assado na brasa ou à Regional, tipo à Braga.
Ao almoço, o prato do dia é outro caso de sucesso.
As sobremesas são de confeção própria, a exemplo das compotas Vanuskas e dos licores, e têm curiosas designações, destacando-se o excelente pudim francês.
Nesta casa, onde o vinho é uma paixão, a carta tem mais de 400 referências de todas as regiões e os preços são contidos. Uma garrafeira "online" completa a oferta.
Serviço muito competente e simpático neste restaurante com alma transmontana e exemplar liderança de Ismael Lourenço, muito dinâmico e sempre presente, e uma cozinha meritória, que trabalha bem matéria-prima de qualidade.
Uma surpresa, plena de bons sabores, às portas do Porto.
A Regional Valonguense, na cidade da regueifa e do biscoito.
Localização: Valongo
Contacto: 22 422 32 99
GPS : 41.19517 N ; -8.50270 W