TSF à Mesa

Portugal fora, as fronteiras entre regiões são traçadas pelas paisagens e pela mesa. Das cidades às serras ou na imensidão das planícies, da melhor tradição portuguesa ao vanguardismo mais ousado. António Catarino sugere um país gastronómico que vale a pena apreciar.

Essa taberna alentejana

Vértice de um triângulo desenhado entre vinhedos, marcos patrimoniais de relevante interesse, e que integra o percurso literário de Fialho de Almeida, a vila de Cuba teve, desde a Idade Média, privilégios inerentes a sede de concelho, estatuto concedido por D. Maria I.

A origem do topónimo não é consensual: terá sido, de acordo com uma teoria, a corrupção do vocábulo árabe Coba, um diminutivo de torre; mas, a justificação mais lógica estará na descoberta de várias cubas de vinho, nos arredores da vila, durante a conquista consumada no reinado de D. Sancho II.

A ocupação humana no território remonta aos tempos pré-históricos, comprovada por achados da era megalítica. Os romanos deixaram forte legado, até na produção do vinho nas talhas, construção de represas e de pontes.

Elo de ligação entre o duro trabalho no campo, outrora de sol a sol, a troco de magro soldo, o cante é a expressão da alma do povo alentejano.

Fundado há 90 anos, o Grupo Coral Os Ceifeiros de Cuba é um dos embaixadores da vila considerada «catedral do

cante", e o 3.º mais antigo do Baixo Alentejo. A renovação, imprescindível para a continuidade, está em marcha sob a liderança de Paulo Calado, senhor de muitos ofícios e alma mater de um espaço acolhedor situado a dois passos do largo do tribunal e da estátua de Cristóvão Cólon.

Essa Taberna, com dois esses -- e não com o cê cedilhado do autor de Os Mais -- tem o cunho particular de preservar o conceito tradicional das antigas tascas.

Aberta em 2007, nos tempos em que o turismo por aquelas paragens era uma miragem, situação bem diferente do que hoje, felizmente, acontece, a casa conheceu hiato de uma década; mas reabriu com pujança, mantendo o bom gosto na decoração do espaço com 22 lugares e mais alguns na agradável esplanada.

Cores quentes, utensílios agrícolas e objetos rústicos dão um ar campestre à sala muito acolhedora e confortável com um balcão em plano superior ideal para saborear petiscos tradicionais, o ponto forte da casa que abre apenas ao final da tarde.

Na ementa, bem visível, escrita a branco em fundo preto, figuram petiscos, com destaque para tomatada; língua estufada; bochechas; camarão com alho; enchidos regionais; queijos; presas de porco preto.

Nas sugestões mais suculentas, destaca-se o polvo do rio. O octópode é cozinhado nos moldes tradicionais, mas o hortelã da ribeira marca a diferença para dar um sabor especial.

Outro caso de sucesso é o bacalhau com pimentos e laranja: o gadídeo é desfiado, misturado com aqueles ingredientes e, a rematar, leva um pouco de sal preto. É um prato apresentado de um modo, particularmente, apelativo.

Duas sugestões muito saborosas para acompanhar com um dos vinhos alentejanos - há serviço a copo - em maioria na carta.

Em Cuba, Essa Taberna é casa de bons petiscos e sabores alentejanos. Como manda a tradição.

Localização: Cuba

Contacto: 966 048 932

GPS: 38.16638 N ; -7.89089 W

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