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Vila com história, Póvoa de Lanhoso cresceu nas proximidades do castelo, no topo do maior monólito de granito da Península Ibérica.
Nos primórdios da nacionalidade, terá sido na fortaleza que D. Afonso Henriques colocou a mãe, D. Teresa, sob prisão.
Séculos mais tarde, em 1846, partiu da Póvoa de Lanhoso Revolução da Maria da Fonte, a insurreição popular que levou à queda do governo de Costa Cabral no reinado de D. Maria II.
Ouça aqui o TSF à Mesa
Da vila podemos sair na direção da vizinha localidade de S. João de Rei.
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Vamos ao encontro de uma casa tipicamente minhota, construída em granito, que Jorge Amado descobriu «escondida entre vinhedos e flores».
A mansão é, desde 1971, local de romaria dos apreciadores de bacalhau e ali nasceu Víctor Peixoto, o caloroso anfitrião. Aos 85 anos, dá mostras de invejável jovialidade e bom humor, dispensando atenção especial a cada cliente, neste restaurante que dirige com cativante simpatia.
Recorda episódios passados naquela casa acolhedora, outrora uma pequena mercearia e, mais tarde, também taberna, liderada pelo pai; Victor, o filho, tomou conta do negócio há 52 anos. Com tamanho sucesso, que foi necessário ir ampliando o espaço, sacrificando o quintal, onde se plantavam hortícolas sob as ramadas, cujos fios de arame permanecem no teto da envidraçada sala. Há outra, mais ao fundo, que permite acrescentar lugares neste restaurante de ambiente familiar e decoração singela, com mensagens e fotos de gente conhecida a preencherem a parede mais extensa.
Para começar, deliciosos bolinhos de bacalhau, acabadinhos de fritar; pratinhos com presunto e queijo de boa qualidade, entretêm o palato e dão colorido à mesa posta a rigor: toalha e guardanapos em tecido; copos adequados.
Na sala principal, o autor de "Gabriela, cravo e canela" saboreou, na companhia da mulher, Zélia Gattai, a especialidade da casa - o bacalhau assado -- também muito apreciada por David Mourão-Ferreira:
«Assim, dourado e saboroso, como se grelhado assado no céu, é só aqui», sublinhou o poeta, autor de "A Arte de Amar", em mensagem encomiástica.
E, não é caso para menos: a generosa posta de bacalhau - é servida para duas pessoas --, alta, assada nas brasas, regada com azeite de grande qualidade, farta cebolada e acompanhada por batatas a murro, plenas de sabor, é um pitéu verdadeiramente divinal, que vale a deslocação a S. João de Rei.
As lascas desprendem-se, evidenciando harmoniosa assadura, apesar da dimensão da posta. Trabalho exemplar a valorizar excelente produto, rico em sabor.
Em plena Região dos Vinhos Verdes, harmonia perfeita concretizada com o Quinta Villa Beatriz, da Póvoa de Lanhoso, um alvarinho e trajadura produzido e engarrafado em exclusivo para o restaurante.
Carta de vinhos de muito bom nível, com um vasto capítulo dedicado aos alvarinhos
Neste restaurante onde o bacalhau domina, a oferta é limitada: apenas há duas alternativas: costeleta de vitela com batata a burro, para duas pessoas; e, por encomenda, cabrito.
Para sobremesa, o leite creme queimado é imperativo, para terminar em beleza copiosa refeição bacalhoeira, com serviço muito simpático, nesta verdadeira instituição gastronómica:
Restaurante O Victor, em S. João de Rei, concelho da Póvoa de Lanhoso.
Localização: S. João de Rei (Póvoa de Lanhoso)
Contacto: 253 909 100