- Comentar
Comecemos pelas camélias brancas, cujo cheiro invade o estúdio ao ouvirmos Isabel Abreu: "Costumo dizer que tenho uma Maria grande e uma Maria pequena. A Maria deu à minha mãe as primeiras flores que eu recebi quando nasci e ainda hoje estou sempre a tentar ter a cameleira branca no meu jardim." O colo da Maria grande, a mulher que acompanhou a infância da actriz, enquanto os pais médicos davam apoio à periferia, desbravando caminho no Alentejo para a criação dos centros de saúde, aconchega o tom da conversa, com a Maria pequena sentada ao lado da mãe.
Ouça aqui, na íntegra, Uma Questão de ADN com Isabel e Maria Abreu.
Maria Abreu também viveu a infância em Arronches quando os pais decidiram deixar Lisboa e voltar para a terra donde Isabel saiu, já apaixonada pela arte de representar. Maria também teve a sua Maria, que se chama Fátima, e a avó, Maria Isabel, "a mulher gigante" que amparou as ausências da actriz: "A minha mãe costuma dizer que eu a criticava muito quando era pequena por ela estar a trabalhar, mas ao menos ela estava em Portugal e eu vou para o estrangeiro."

© Paulo Alexandrino/Global Imagens
A viagem começa ali, com o cheiro da terra, e as portas da vila abertas para o mundo. Isabel e Maria dão os primeiros passos em Arronches.
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Isabel Abreu, 44 anos, a quem alguns aconselharam desistir do sonho, no primeiro ano do Conservatório, é hoje uma das actrizes mais respeitadas da sua geração. "Realmente, eu tenho tido cúmplices artísticos, que me levam a sítios desconhecidos e eu salto e atiro-me sem pensar."
Maria Abreu, 17 anos, não hesita em dizer que esse é também o maior sonho. "Eu gosto muito de tudo, já pensei em ir para a NASA, já pensei em medicina veterinária ou neurocirurgia, ser inspectora forense, mas a profissão que está comigo desde que me lembro é actriz. É um dos meus maiores sonhos, é o que sinto mesmo amor para fazer."

© Paulo Alexandrino/Global Imagens
Maria Abreu já pisou os palcos no Teatro Nacional Dona Maria II, foi protagonista na versão para cinema de Tristeza e Alegria na vida duma Girafa, e surge agora em Restos do Vento, dois filmes realizados por Tiago Guedes (seu pai).
Que a Maria "seja feliz no caminho que escolha", é o desejo de Isabel Abreu, que pelo sim pelo não vai acenando com outras profissões "porque o mundo não é só aquilo que está dentro da nossa casa". Mas a Maria pequena "está crescida", e ficamos a saber que uma das grandes lições do teatro de Isabel Abreu tem a voz de Maria Abreu.
Uma Questão de ADN, com Teresa Dias Mendes e sonoplastia de João Félix Pereira