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"Tu cantas, pai? Eh pá, temos de fazer isso acontecer", Inês não esconde a surpresa, pela intenção confessada pelo pai, há um par de anos, no improviso de uma outra conversa, na qual o pianista admitia gravar um disco , em que seria compositor e cantor. Hoje, quando a pergunta acontece, Mário interroga-se : " Isso está escrito nalgum lado?" . A ideia não lhe surgiu do nada, e como o próprio explica " não é para conquistar mais público, nada disso, seria uma coisa absurdamente despida e crua e era uma graça." Inês acrescenta " algo para um público com algum humor musical".
Ouça o programa "Uma Questão de ADN", de Teresa Dias Mendes na íntegra.
Mário Laginha invoca a afinação da própria voz, sem vibratos, registada em gravações toscas de telemóvel, "sempre que componho, faço uma versão cantada ao piano para entregar aos cantores, e eles acham graça, mas estão proibidos de as mostrarem". Ficamos à espera. E até lá, entre concertos desassossegados pela pandemia, encomendas para bandas sonoras de filmes e outros espetáculos, Mário Laginha vai afinando a voz da saudade de palco. Nem se pode queixar, ele que ainda viajou pelo país e por várias salas até ao final de dezembro. Este ano, vai ser outro desafio, mas aquele
"Momento mágico" de cumplicidade com o público," é insubstituível". Pai e filha estão sintonizados nesta corrente de energia que não é comparável a nada, na vida dum músico.
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O compositor chega a dizer, que no final dum concerto que corre bem " parece que deixamos de tocar no chão", de tocar com os pés no chão, entenda-se , como se levitasse.
Não os ouvimos tocar, juntos só lá em casa, mas podemos ouvi-los falar das memórias que guardam do primeiro piano, saber porque é que Inês Laginha gosta tanto de ser professora, conhecer os projetos de um e do outro ,e tocar nas teclas de duas notas maiores na vida dum músico : não se pode ter medo da repetição, e é sempre importante um bom final.
Uma questão de ADN, um programa de Teresa Dias Mendes com cuidado técnico de João Félix Pereira.