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Tanto mar. E tão pouco. Filipa Marques resume numa frase o tanto e o tão pouco: "Alguém disse que conhecemos melhor a superfície lunar do que o território submerso, e é verdade".
E é por isso que esta geóloga não se cansa de dar voltas ao mundo, de mergulhar em águas profundas, com os olhos postos no monitor de um navio, a pedir mais uma amostra, e outra, e outra ainda. As imagens que chegam do fundo do mar são enviadas pelo ROV (sigla em inglês), para identificar um veículo operado remotamente. Chama-se Luso, e é o robô submarino, adquirido em 2008 pelo governo português.
É precisamente nesse ano, a bordo do navio da marinha, que Filipa e Andreia se conhecem. A estagiária Andreia, é formada em Ciências do Mar, tem olho vivo e muita vontade "de pôr as mãos na massa". A "massa" viria a ser o comando do ROV Luso.

© Reinaldo Rodrigues/ Global Imagens
Andreia é hoje a única mulher da equipa de pilotos do ROV, razão pela qual traz para o estúdio o primeiro fato-macaco que usou. Veste-o para a foto, e porque "uma mulher fica sempre bem de fato-macaco".
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© Reinaldo Rodrigues/ Global Imagens
Ao lado, Filipa agarra o martelo, ferramenta de trabalho essencial para um geólogo. É o martelo do marido, também geólogo, porque o dela está já num contentor, a caminho da próxima missão oceanográfica. As duas partem, outra vez, dentro de dias.

© Reinaldo Rodrigues/ Global Imagens
No mapa desta conversa vamos sinalizar a EMEPC- Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental -, onde conhecemos o ROV Luso, o robô amarelo com seis câmaras, que mergulha até seis mil metros de profundidade, o tempo de cada mergulho. E, por ser muito tempo, vamos seguir as indicações da geóloga e as manobras da piloto.
A calma, a expectativa, as imagens de uma nova descoberta, as várias dimensões de um monitor.
Vamos seguir o braço articulado do robô submarino. Podemos perder o ROV, se o cabo umbilical se partir, e já aconteceu.
Vamos ouvi-las falar de fatos que parecem espaciais, de campos hidrotermais que exibem chaminés, algumas com nomes portugueses - Mário Soares, imagine-se -, de vulcões, pináculos, líquenes, basaltos, metais, sedimentos. É o mar profundo e o mar sonoro, como no poema de Sophia.
Uma questão de ADN, de Teresa Dias Mendes, passa esta quinta-feira depois das 19h00, e repete de madrugada depois da 1h00 e domingo depois das 14h00.