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"Aos meus avós, aos meus pais, tantas vezes as suas histórias foram o ponto de partida para a ficção." A dedicatória escrita por Pedro Lopes leva-nos pela estrada do tempo até Glória do Ribatejo, recriando nas páginas de um livro, aquela que foi a primeira série original portuguesa da Netflix, estreada em novembro de 2021.
Glória, o romance agora editado pela Oficina do Livro, divide-se por dez capítulos, tantos quantos os episódios da série, e mais de 300 páginas. Os mesmos cenários, as mesmas personagens. Mas nem sempre a mesma cronologia, e com a publicação de um punhado de cartas escritas por João Vidal em Angola, o personagem principal do thriller, que ganha assim outra espessura no papel "porque numa série é difícil filmar os pensamentos", defende o autor, explicando o que o levou a aceitar o desafio lançado pela Leya, após o sucesso da série.
Ouça aqui "Uma Questão de ADN", com Teresa Dias Mendes e cuidado técnico de João Félix Pereira.
E eis-nos de novo em 1968, a caminho "de uma cidade plantada num meio rural onde não havia água, nem luz, nem estradas alcatroadas, uma espécie de nave estranha no meio do Ribatejo". A cidade RaRet, a RadioRetransmissão, instalada na vila ribatejana, a partir da qual os americanos e a CIA transmitiam, via onda curta, propaganda ocidental para o Bloco de Leste.
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Quem viu a série sabe que é ali que o jovem engenheiro João Vidal, filho de um ministro de Salazar, é colocado como funcionário da Emissora Nacional, recrutado entretanto pelo KGB. É esse o ponto de partida do livro, apresentado como uma "história de intriga e traição em Portugal durante a Guerra Fria".

© Leonardo Negrão/Global Imagens
Se há dois agentes infiltrados na série e no romance, eles são Pedro Lopes e João Pedro Lopes.
João Pedro Lopes, o irmão mais velho é formado em Economia e diretor-executivo da SP Televisão.
Pedro Lopes seguiu História e assume a Direção-Geral de Conteúdos da produtora.
Sem a memória das histórias contadas pelo avô, talvez Glória nunca tivesse acontecido.