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Fundou o Coro de Santo Amaro de Oeiras com apenas 15 anos. No passado domingo, um coro imenso de vozes prestou-lhe uma última homenagem, entoando as músicas preferidas do maestro. Antigos e actuais coralistas guardam para sempre "o sorriso doce, o olhar meigo e profundo" com que César Batalha tocou as suas vidas.
O Coro é uma grande família. Uma Questão de ADN, com Leonor Marques e Madalena Marques, mãe e filha.
Em casa, Leonor Marques guarda ainda o pequeno tesouro da cópia do cartão enviado por Miguel Torga ao maestro, no qual o poeta manifestava o agrado pela versão do "SEGREDO", poema gravado pelo Coro Infantil, com música de César Batalha: " foi uma prenda, para ele e para todos, estou a visualizar a assinatura do Miguel Torga e foi um momento muito importante para nós. Quando as minhas filhas eram pequeninas eu adormecia-as a cantar o Segredo. É a nossa música de embalar os filhos, todas as mães do coro o fazem".
Ouça o programa "Uma Questão de ADN" na íntegra, com sonorização de José Guerreiro e cuidado técnico de João Félix Pereira
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A actual directora artística do Coro de Santo Amaro de Oeiras, embala a voz, em memórias de 46 anos. A menina que entrou para o Coro infantil com 7 anos, é hoje uma das maestrinas. A filha mais velha, Madalena, é também coralista, tal como a irmã Joana, e segue-lhe os passos, visualizando na mãe o desenho dos gestos do maestro fundador " quando vejo o Coro adulto cantar, eu olho para a minha mãe, ela canta com uma emoção que me faz lembrar sempre o maestro". " O meu exemplo de vida, um homem com um coração enorme", responde Leonor Marques, partilhando as saudades sem tamanho que César Batalha deixa na sua, e na vida de todos os que têm passado pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras.
César Batalha foi autor de obras conhecidas e cantadas por várias gerações, como Eu vi um sapo ou A todos um bom Natal - fundou o Coro de Santo Amaro de Oeiras em 1960, com apenas 15 anos, tendo dirigido mais de 1200 pessoas. Maestro, compositor, organista e professor, César Batalha recebeu vários prémios nacionais e internacionais ao longo da sua carreira, como o Melhor Coro do Ano (1980) e a Medalha de Mérito Artístico da Câmara Municipal de Oeiras (1981). César Batalha morreu no dia 14 de Janeiro, com 76 anos.