- Comentar
Escolher bem as lutas é essencial para dar os primeiros passos no ativismo. Quem o defende é Tiago Matos, um ativista pela justiça climática. Preocupado em "construir atitudes positivas no ambiente e na sociedade", o jovem de 26 anos lançou, em 2020, uma página de Instagram na qual criou uma "tribo" de seguidores com hábitos e ideias sustentáveis.
Em entrevista ao programa da TSF "Verdes Hábitos", o criador da comunidade Green Tribe explica que ser ativista não implica fazer do ativismo uma profissão, mas sim "pormos todos os nossos recursos em prol daquilo que defendemos".
Ouça aqui o Verdes Hábitos, um programa de Sara Beatriz Monteiro com sonoplastia de José Guerreiro
O primeiro passo para ser ativista é, na perspetiva de Tiago Matos, canalizar a energia para uma área específica: "Eu sou um homem de muitas causas, mas tenho de me focar só numa, porque eu não consigo lutar por todas de forma eficiente."
Subscrever newsletter
Subscreva a nossa newsletter e tenha as notícias no seu e-mail todos os dias
Ainda assim, explica que o ativismo pela justiça climática contempla áreas que normalmente não são associadas à ecologia, como "as questões do feminismo, do patriarcado, do machismo, do sexismo e do racismo".

Tiago Matos, ativista pela justiça climática
© cortesia Tiago Matos
Na visão de Tiago Matos, quando se fala de sustentabilidade é importante falar de temas como o "patriarcado" (tipo de organização social em que a autoridade é exercida por homens), o capitalismo e a procura constante do lucro, bem as consequências ambientais destes sistemas.
"Nós vemos esta questão do homem branco e do patriarcado nas questões capitalistas, nós queremos o lucro, nós usamos os recursos da terra sem pensar no que pode daí advir a nível social e económico", sustenta.
Para o ativista é claro que "a luta climática é uma luta social", ou seja, é fundamental aumentar a representação das pessoas historicamente discriminadas por um planeta melhor: "Por exemplo, se valorizarmos o papel da mulher na sociedade e percebermos que elas são importantes nas decisões políticas dos países, nós estamos a lutar pelo ambiente."
Noutro plano, Tiago Matos explica que o ativismo pode também passar por alterações nos padrões de consumo "ao seguir um estilo de vida mais consciente".
E o ativismo tem lugar num jantar de família? O jovem acredita que sim. "Quando alguém faz uns comentários [desagradáveis], nós, por termos confiança com essas pessoas, podemos ser os primeiros a dizer que isso está errado e a explicar porquê".
No fundo, explica, ser ativista é "usarmos a nossa voz, o nosso privilégio, a nossa vontade de mudar e dar a nossa opinião sem medo de sofrer represálias".
"Se acharmos que o facto de não falarmos não vai mudar nada, então não vai mesmo mudar nada", remata.