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As pilhas de cadeiras, bancos e mesas abandonadas junto aos contentores do lixo fizeram com que três amigos designers percebessem que o confinamento estava a contribuir para a dinâmica "compra, usa e deita fora". Estar fechado 24 horas entre as mesmas quatro paredes convidada à mudança das divisões e havia cada vez mais móveis "perdidos ou esquecidos" pela cidade de Lisboa. Catarina Capelo, Rita Capelo e Tiago Sousa arregaçaram as mangas dos macacões cheios de tinta e decidiram recolher estes objetos e dar-lhes "uma nova vida", no ateliê Tralha.
Em entrevista ao programa da TSF "Verdes Hábitos", Catarina Capelo explica que estas peças "têm personalidade e história". No ateliê Tralha estes objetos são homenageados recebendo "o nome dos antigos donos ou da rua onde foram encontrados".
Ouça aqui o Verdes Hábitos, um programa de Sara Beatriz Monteiro
Para a designer, é fundamental voltar ao hábito antigo de restaurar ou dar uma segunda vida às peças de mobiliário e "fazer um exercício de criatividade", pensando em novos caminhos para uma peça. Uma estante pode, por exemplo, transformar-se em duas mesas, propõe.

© cortesia de ateliê Tralha
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Além da transformação das peças que são vistas como lixo ou tralha, neste ateliê há outros hábitos sustentáveis que passam pelo aproveitamento da água de lavar os pincéis para outros fins, pelo uso de latas de grãos e caixas de gelado para a organização do espaço e, por fim, "todas as peças utilitárias que estão no ateliê, desde o microondas à máquina do café, foram compradas em segunda mão".

© cortesia de ateliê Tralha
Mas, antes de dar uma segunda vida aos objetos, é importante fazer com que a primeira vida seja o mais duradoura possível. Para tal, Catarina Capelo aconselha a "estimar bem as peças", limpá-las com produtos adequados, "proteger as superfícies com paninhos ou vidro" e atacar o bicho da madeira desde o início, evitando que ele se espalhe pelo resto da mobília.

© cortesia de ateliê Tralha
Outra dica económica e sustentável passa por renovar a disposição da divisão em vez de comprar móveis novos. "Se calhar não precisamos de comprar um sofá novo, se calhar precisamos só de trocar o sítio onde o sofá está", remata.