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Até meados de novembro, as crias de cagarras começam a sair dos ninhos e a experimentar os primeiros voos. Esta espécie ameaçada, que vive no mar e só vem a terra para nidificar, acaba muitas vezes por ser vitima do excesso de iluminação das cidades.
Carlos Silva, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves nos Açores, explica que a luz é determinante na capacidade de orientação da espécie: "As cagarras orientam-se pela luz das estrelas e da lua. Havendo excesso de iluminação, elas em vez de irem cair ao mar ou em sítios com pouca iluminação, para praticarem os primeiros voos, vão cair precisamente nos centros luminosos."
A jornalista Maria Miguel Cabo conversou com Carlos Silva, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves nos Açores, sobre as cagarras açorianas
Ano após ano, por esta altura, milhares de aves acabam por cair à terra desorientadas com os focos de luz artificial. "Durante a noite é normal que milhares de cagarras caiam no meio das freguesias, vilas e cidades, e possam depois ser atacados por cães e gatos ou atropelados por carros", esclarece o especialista.
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Há vários anos que o fenómeno merece a atenção do Governo Regional dos Açores e de várias associações que lutam pela conservação da espécie. Tal como em outros anos, para prevenir a morte das cagarras, até 15 de novembro as autarquias açorianas vão desligar as luzes nas cidades à noite ou tentar reduzir ao máximo os focos de luz.
No caso das aves que sobrevivem, Carlos Silva refere que são resgatadas e devolvidas à natureza: "É colocada uma anilha, são retirados os dados biométricos, peso, tamanho da asa, os elementos base para avaliar o índice corporal da ave, e depois são libertadas pelas autoridades locais."
Em Espanha, há casos semelhantes ao do arquipélago português. Tal como nos Açores, nesta época do ano a ilha de Tenerife também se mantém às escuras para salvar as cagarras.