Com base num desenho de 1865, a equipa do Palácio Nacional de Queluz reconstituiu o Jardim Botânico que era "utilizado para funções de recreio e lazer mas também para a educação dos jovens príncipes", disse Nuno Oliveira, diretor técnico para o património natural da Parques de Sintra, empresa gestora do palácio.
"Os jardins [botânicos] estavam muito em voga nesta época", referiu Nuno Oliveira, acrescentando que exibiam "plantas que não eram conhecidas para de uma forma simples poder educar quem os visitava".
Com a fuga da família real para o Brasil em 1807, os jardins foram abandonados, acabando por serem transformados num roseiral no século XX.
Atualmente, o jardim conta com cerca de 150 espécies mas "há uma muito especial que é o ananás", referiu Nuno Oliveira.
"O ananás era entendido como um fruto real, era um fruto muito apetecido porque era um fruto exótico, com uma forma estranha, um aroma e um sabor diferente de tudo. Existem registos que os ananases eram aqui produzidos e, assim que tivessem maduros, deviam ser levados ao seu senhor. Havia uma relação muito interessante entre o rei e a produção dos ananases no jardim", explicou.
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As cheias que afetaram o local durante o século XX, acabaram por "destruiu completamente o jardim e, é nesse momento, que se decide colocar aqui o picadeiro para apresentação da Escola Portuguesa de Arte Equestre, que esteve neste local ente 1984 e 2012", explicou o diretor técnico.
O picadeiro esteve instalado no local até 2012, altura em que a Parques de Sintra "identificou como prioridade de intervenção o jardim botânico".
Depois de dois anos de investigação história, a equipa encontrou "um conjunto de peças de cantaria originais do jardim botânico de Queluz", disse Nuno Oliveira, acrescentando que "percebeu que tinha todo o material de base para voltar a restituir a Queluz o seu jardim botânico".
A equipa decidiu restituir o traçado original do jardim, "respeitando a passagem do tempo, com algumas alterações que foram introduzidas no século XIX ao seu desenho".
Além do ananás, o jardim tem muitas outras espécies espalhadas pelos 24 canteiros como o maracujá, laranjeiras, oliveiras, inhame, mandioca ou a bananeira de África.